6 de Fevereiro de 1930 - Uma data para ser lembrada
Aos 06 dias do mês de fevereiro de 1930, aconteceu em Montes Claros/ Minas Gerais, o episódio rotulado e veiculado na mídia nacional e internacional como Tocaia dos Bugres, envolvendo os militantes da caravana dos Conservadores contra os da Aliança Liberal, o qual precedeu o movimento político que veio pôr abaixo a Primeira República ou República Velha.
Assim como em todo o país, Montes Claros vivenciava aquele período dividida em duas facções políticas: de um lado o “Partido de Cima” apoiado pela “Aliança Liberal que por sua vez apoiava a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República, e que tinha com o chefe o Dr. Honorato José Alves; e de outro lado o “Partido de Baixo”, amparado na “Concentração dos Conservadores", que por sua vez apoiava a candidatura de Júlio Prestes à Presidência da República e tinha como líder o deputado Camilo Filinto Prates.
Desse modo, os adeptos de um não cumprimentavam os do outro, criando uma linha imaginária que separava os dois redutos, só havendo um armistício durante e depois da “Gripe Espanhola”, em que toda a população se transformou em vítimas da pandemia.
A campanha política para a eleição, que se aproximava, tinha, em Minas Gerais, uma repercussão bem maior do que as eleições anteriores, isto porque foi rompido o forte elo entre Minas Gerais e São Paulo; Antônio Carlos, com a sua clássica habilidade, comandava a Aliança Liberal, que se opunha a Júlio Prestes, para Presidente do Brasil, e a Mello Viana, para o Governo de Minas. Washington Luiz procurava por todos os meios, uma justificativa para intervenção nos Estados. O Norte de Minas sempre representou um bolsão político, marcado por forças conservadoras e obedientes ao Governo Central. Montes Claros era, pois, o ponto primordial para o impacto eleitoral da região.
Tem-se que após o episódio que vem marcar o rompimento do acordo entre Minas Gerais e São Paulo, conhecido como Política do Café – com - Leite, o então vice-presidente Melo Viana visita Montes Claros numa longa viagem de trem. Ao chegar ao seu destino houve um acontecimento, até hoje não explicado, que desviou a comitiva do seu trajeto original, fazendo com que passasse em frente à casa de Dr.João Alves (onde atualmente é o Automóvel Clube), o qual defendia o político mineiro Antonio Carlos, e que tinha em Dona Tiburtina, sua mulher, uma líder do grupo oposicionista. Dessa forma houve um grande tiroteio e muitas mortes.
Contam testemunhas presentes, que alguém teria gritado de dentro do cortejo: “Morra a Aliança Liberal”, e que Dr. João Alves sacando o lenço vermelho, muito sertanejamente teria respondido: “Viva a Aliança Liberal”!
Neste exato momento, uma bomba, atirada por João Cândido Dias, adversário político, explodiu ao seus pés, e ele, que era hipertenso, sofreu uma hemorragia nasal com crise de tosse e sufocamento, dando a todos, que estavam a porta e na sala da casa, a impressão de que havia sido ferido a bala.
Neste momento, tombou, com um tiro na cabeça, o jovem Austílio (Fifi), que estava bem ao lado de João Alves, e que era comensal em sua casa.Existem controvérsias de onde partiram os primeiros tiros. A impressão geral é de que todas as armas estavam engatilhadas dos dois lados, no prenúncio do choque que já se desenhava no todo do acontecimento. Aceita-se a hipótese de que foi a bomba a desencadeadora de tão lutuoso episódio, e, ainda, que ela foi a mensagem equívoca que disparou a violência.
Pessoas presentes na casa de João Alves, naquela noite fatídica, descrevem o tumulto que invadiu a residência. Os corpos, tombados no meio da praça, foram levados para lá onde receberam os primeiros socorros. Salientam a segurança e o equilíbrio de Tiburtina, que, saindo da sala de jantar, no meio dos gritos e do pranto de muitos, mesmo estando seu marido passando mal, ocupou a casa inteiramente, com espantosa tranqüilidade, acomodando nos quartos, as pessoas feridas e nervosas. Aos corpos ensangüentados prestava a assistência de emergência e se deslocava, agilmente, pelos corredores, dispensa, cozinha e quintal, comandando as mulheres.
Como resultado do tiroteio, tem-se inúmeros feridos e mortos, dentre eles integrantes da comitiva do vice-presidente da República, Fernando Melo Viana, o qual recebeu um tiro nas nádegas.
A caravana foi forçada a voltar para Belo Horizonte naquela mesma noite e a locomotiva que a trouxera estava com problemas técnicos e mesmo assim saiu de Montes Claros rumo à Belo Horizonte em marcha-ré, carregando pessoas feridas e outras mortas.
Dona Tiburtina teve uma participação importante no episódio e ganhou visibilidade na imprensa Nacional. A época dos fatos era casada com o Dr. João Alves, médico, influente político e pertencente a uma das famílias mais tradicionais do norte de Minas Gerais, a ela fora atribuída a ordem de atirar contra seus adversários políticos que estavam em frente à sua residência.
Sua vida sempre fora recheada de embates, desde a escolha de seus dois casamentos: primeiro contraiu núpcias com seu primo, dado à boêmia e ao alcoolismo, suicidou em tenra idade. Já o segundo e último era um jovem médico de família tradicional e de grande poderio político, todo o romance que resultou em casamento fora fortemente oposto por toda a família do marido. A imagem que ficou na história de Montes Claros e de Minas Gerais associada à figura de Dona Tiburtina, sem sombra de dúvida é de uma mulher guerreira, destemida, que como mesmo pondera grandes personalidades políticas, comparada à mulheres mineiras como Dona Beja, Dona Joaquina do Pompeu e Xica da Silva, porém tecem-se severas críticas a essa rotulação.
A priori, insta esclarecer que para alguns historiadores a Revolução de 1930 se iniciava na data de 06 de fevereiro de 1930 em Montes Claros/MG e cujo movimento irrompia-se no dia 03 de outubro e só terminava no dia 24 do mesmo mês com a deposição do presidente Washington Luis Pereira de Souza e a dissolução da representação popular no Congresso Nacional.
As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 e deram a vitória a Júlio Prestes, que obteve 1.091.709 votos, contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Notoriamente, Getúlio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí, iniciou-se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. Eclode-se a Revolução de 1930 e Getúlio Vargas toma o poder.
Infelizmente, a circunstância fatídica do dia 06 de fevereiro de 1930, ficou sem resposta do poder judiciário. Uma procissão, ao passar pela porta do estabelecimento forense, em euforia pela eclosão da revolução de 1930, com a tomada do poder de Getúlio Vargas, atiçou alguns manifestantes a roubarem o processo em pleno Fórum de Montes Claros, culminando em seu incineramento no meio da rua, sob os aplausos dos Aliancistas, cujos adeptos também entraram na redação do jornal “A Gazeta do Norte” e empastelaram tudo como vingança.
Aos 06 dias do mês de fevereiro de 1930, aconteceu em Montes Claros/ Minas Gerais, o episódio rotulado e veiculado na mídia nacional e internacional como Tocaia dos Bugres, envolvendo os militantes da caravana dos Conservadores contra os da Aliança Liberal, o qual precedeu o movimento político que veio pôr abaixo a Primeira República ou República Velha.
Assim como em todo o país, Montes Claros vivenciava aquele período dividida em duas facções políticas: de um lado o “Partido de Cima” apoiado pela “Aliança Liberal que por sua vez apoiava a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República, e que tinha com o chefe o Dr. Honorato José Alves; e de outro lado o “Partido de Baixo”, amparado na “Concentração dos Conservadores", que por sua vez apoiava a candidatura de Júlio Prestes à Presidência da República e tinha como líder o deputado Camilo Filinto Prates.
Desse modo, os adeptos de um não cumprimentavam os do outro, criando uma linha imaginária que separava os dois redutos, só havendo um armistício durante e depois da “Gripe Espanhola”, em que toda a população se transformou em vítimas da pandemia.
A campanha política para a eleição, que se aproximava, tinha, em Minas Gerais, uma repercussão bem maior do que as eleições anteriores, isto porque foi rompido o forte elo entre Minas Gerais e São Paulo; Antônio Carlos, com a sua clássica habilidade, comandava a Aliança Liberal, que se opunha a Júlio Prestes, para Presidente do Brasil, e a Mello Viana, para o Governo de Minas. Washington Luiz procurava por todos os meios, uma justificativa para intervenção nos Estados. O Norte de Minas sempre representou um bolsão político, marcado por forças conservadoras e obedientes ao Governo Central. Montes Claros era, pois, o ponto primordial para o impacto eleitoral da região.
Tem-se que após o episódio que vem marcar o rompimento do acordo entre Minas Gerais e São Paulo, conhecido como Política do Café – com - Leite, o então vice-presidente Melo Viana visita Montes Claros numa longa viagem de trem. Ao chegar ao seu destino houve um acontecimento, até hoje não explicado, que desviou a comitiva do seu trajeto original, fazendo com que passasse em frente à casa de Dr.João Alves (onde atualmente é o Automóvel Clube), o qual defendia o político mineiro Antonio Carlos, e que tinha em Dona Tiburtina, sua mulher, uma líder do grupo oposicionista. Dessa forma houve um grande tiroteio e muitas mortes.
Contam testemunhas presentes, que alguém teria gritado de dentro do cortejo: “Morra a Aliança Liberal”, e que Dr. João Alves sacando o lenço vermelho, muito sertanejamente teria respondido: “Viva a Aliança Liberal”!
Neste exato momento, uma bomba, atirada por João Cândido Dias, adversário político, explodiu ao seus pés, e ele, que era hipertenso, sofreu uma hemorragia nasal com crise de tosse e sufocamento, dando a todos, que estavam a porta e na sala da casa, a impressão de que havia sido ferido a bala.
Neste momento, tombou, com um tiro na cabeça, o jovem Austílio (Fifi), que estava bem ao lado de João Alves, e que era comensal em sua casa.Existem controvérsias de onde partiram os primeiros tiros. A impressão geral é de que todas as armas estavam engatilhadas dos dois lados, no prenúncio do choque que já se desenhava no todo do acontecimento. Aceita-se a hipótese de que foi a bomba a desencadeadora de tão lutuoso episódio, e, ainda, que ela foi a mensagem equívoca que disparou a violência.
Pessoas presentes na casa de João Alves, naquela noite fatídica, descrevem o tumulto que invadiu a residência. Os corpos, tombados no meio da praça, foram levados para lá onde receberam os primeiros socorros. Salientam a segurança e o equilíbrio de Tiburtina, que, saindo da sala de jantar, no meio dos gritos e do pranto de muitos, mesmo estando seu marido passando mal, ocupou a casa inteiramente, com espantosa tranqüilidade, acomodando nos quartos, as pessoas feridas e nervosas. Aos corpos ensangüentados prestava a assistência de emergência e se deslocava, agilmente, pelos corredores, dispensa, cozinha e quintal, comandando as mulheres.
Como resultado do tiroteio, tem-se inúmeros feridos e mortos, dentre eles integrantes da comitiva do vice-presidente da República, Fernando Melo Viana, o qual recebeu um tiro nas nádegas.
A caravana foi forçada a voltar para Belo Horizonte naquela mesma noite e a locomotiva que a trouxera estava com problemas técnicos e mesmo assim saiu de Montes Claros rumo à Belo Horizonte em marcha-ré, carregando pessoas feridas e outras mortas.
Dona Tiburtina teve uma participação importante no episódio e ganhou visibilidade na imprensa Nacional. A época dos fatos era casada com o Dr. João Alves, médico, influente político e pertencente a uma das famílias mais tradicionais do norte de Minas Gerais, a ela fora atribuída a ordem de atirar contra seus adversários políticos que estavam em frente à sua residência.
Sua vida sempre fora recheada de embates, desde a escolha de seus dois casamentos: primeiro contraiu núpcias com seu primo, dado à boêmia e ao alcoolismo, suicidou em tenra idade. Já o segundo e último era um jovem médico de família tradicional e de grande poderio político, todo o romance que resultou em casamento fora fortemente oposto por toda a família do marido. A imagem que ficou na história de Montes Claros e de Minas Gerais associada à figura de Dona Tiburtina, sem sombra de dúvida é de uma mulher guerreira, destemida, que como mesmo pondera grandes personalidades políticas, comparada à mulheres mineiras como Dona Beja, Dona Joaquina do Pompeu e Xica da Silva, porém tecem-se severas críticas a essa rotulação.
A priori, insta esclarecer que para alguns historiadores a Revolução de 1930 se iniciava na data de 06 de fevereiro de 1930 em Montes Claros/MG e cujo movimento irrompia-se no dia 03 de outubro e só terminava no dia 24 do mesmo mês com a deposição do presidente Washington Luis Pereira de Souza e a dissolução da representação popular no Congresso Nacional.
As eleições foram realizadas no dia 1º de março de 1930 e deram a vitória a Júlio Prestes, que obteve 1.091.709 votos, contra apenas 742.794 dados a Getúlio. Notoriamente, Getúlio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul.
A Aliança Liberal recusou-se a aceitar a validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos. A partir daí, iniciou-se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. Eclode-se a Revolução de 1930 e Getúlio Vargas toma o poder.
Infelizmente, a circunstância fatídica do dia 06 de fevereiro de 1930, ficou sem resposta do poder judiciário. Uma procissão, ao passar pela porta do estabelecimento forense, em euforia pela eclosão da revolução de 1930, com a tomada do poder de Getúlio Vargas, atiçou alguns manifestantes a roubarem o processo em pleno Fórum de Montes Claros, culminando em seu incineramento no meio da rua, sob os aplausos dos Aliancistas, cujos adeptos também entraram na redação do jornal “A Gazeta do Norte” e empastelaram tudo como vingança.