GANAS DE PODER

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Ganas de poder rima com grana no poder. Com sua militância política, Sandra Starling, a propósito de uma entrevista de Zé Dirceu à Folha, escreveu um artigo no início do ano, no qual traz à baila o deslumbramento pelo poder. Sem dúvida, a articulista tem endereço certo, mas a tal mosca azul pode picar qualquer pessoa. Concretamente, e extrapolando os limites do artigo, o risco existiria para qualquer um de nós que passasse pela mesma experiência de poder. Uma vez no poder, é fácil confundir estar no governo com ter o poder e resvalar, descambar para a gastança. Quem detém poder geralmente é paparicado pelos bajuladores e pelos ricos e poderosos. Até presidente mulher vira presidenta. Só que o masculino de dentista não passou para “dentisto”...

Troca-se “a aguardente pelas boas safras de Romanée Conti; pelos presentes como Rolex e Land Rover”. Vestem-se “ternos finamente cortados pelos melhores alfaiates do Brasil”. E as mulheres desses políticos se transformam “em dondocas de cabeleireiros famosos, cheias de botoques deformadores”.

Sandra Starling usa esses verbos no passado, referindo-se a um grupo determinado. Minha intenção aqui é ampliar as considerações a um possível círculo de deslumbrados que nos ameaçam permanentemente em todas as esferas do poder.

O exercício do poder, na verdade, é um teste, principalmente num país em que não há austeridade na aplicação do dinheiro público, por sinal oriundo de uma carga pesada imposta aos contribuintes. A ilusão do poder por toda a eternidade traz a sensação de mando, como atesta quem está vendo a novela Lado a Lado, tal o grau de vilania do senador Bonifácio Vieira, político corrupto, pra variar, e extremamente ganancioso. Já se disse que só não gosta de mordomia quem não tem. O resto, digo, o povo, “que se exploda”!

A palavra gana tem, entre outros, os seguintes significados: impulso, ímpeto, capricho, raiva, ódio, fome. Hã!... Fome, ânsia, ganas de poder...