Cuidado com os 'puxa sacos'
Existem pessoas que nascem para ser a sombra dos outros. Aliás, o 'papagaio de pirata' que aparece na fotografia ao lado de uma autoridade, demonstra, de imediato, pela sua figura emblemática que estar ao lado de outrem é algo muito prazeroso. Ou seja, desde que o mundo é mundo, existe um ser inferior que de uma forma ou de outra se acha atrelado ao seu patrão, dando-lhe guarida psicológica e alimentando o ego do empregador para ter em troca apenas a tolerância.
Para mim não passa de um ser coadjuvante. Vive nas sombras. Assume a figura utópica da realidade e se eterniza como alguém de índole subserviente, porque não vê em si uma capacidade real de se tornar em algo menos sombrio, por isso se apega ao lado forte do seu protetor.
Essa situação de alguém de escorar em outrem para sobreviver é uma constante no mundo social. Exemples são muitos. O irmão que não quer trabalhar amparar-se em outro irmão que progrediu. O empregado se subjugando a atividades extras contratuais para satisfazer todas as vontades do patrão. Os filhos - mesmo depois de maiores – que permanecerem à mercê do pátrio poder apenas com o objetivo de gozar das regalias que os pais oferecem. Os familiares que abusam de um parente próximo que alcançou o sucesso, para fazerem chantagem emocional tendo como objetivo colher bens materiais. Enfim, os exemplos são infindáveis de pessoas que por uma razão ou outra, optam pelo caminho menos tortuoso para alcançar a subsistência e até os bens de consumo.
Esses cidadãos acabam alcançando essas regalias porque utilizam a política de bajular como forma de receber os benefícios. Existem até pessoas que têm ciúme da figura bajulada e qualquer aproximação de alguém que cause risco (com essa proximidade) pode redundar em drama oculto para quem representa esse perigo. Nesses casos o “puxa saco” sempre dá um jeito de fazer uma intriga ou de criar uma situação peculiar que faça o “intruso” se afastar de sua fonte de riqueza.
Não há dúvida de que uma pessoa dessa estirpe é capaz de qualquer ato insano para manter sua condição de protegido. O fato é que a pessoa com esse perfil não percebe que deixa de viver a própria vida, em favor daquela que escolheu para bajular, pois é comum o protetor submeter seu pupilo a uma série de constrangimentos, desde xingamentos, degradação da moral, desconsideração etc. etc. Mas o curioso é que mesmo ante esse repugnante tratamento, a pessoa – mesmo que ofendida, no seu lado humano – ainda permanece no posto e à disposição para qualquer ordem superior.
Essa pessoa joga em segundo plano o amor próprio, por isso dá ensejo a ser tratado de forma abrupta e inconsequente. A questão é que o “puxa saco” possui na sua conduta um desvio de personalidade, transmudando o seu próprio “eu” para uma imagem figurada de quem deseja ser. Essa ficção é que o torna subserviente porque não acredita em si próprio e passa apostar naquilo que lhe é possível alcançar de imediato (sem esforço) e não naquilo que poderia conquistar a longo prazo (com trabalho e com dificuldade). A tendência dessa pessoa é ficar estagnada no seu mundo figurado e nunca tomar iniciativa para desenvolver-se como um ser que pode evoluir.
Trata-se de um vício histórico. Desde nossos primórdios registram-se a existência dos chamados “bobos da Corte”. Esses nada faziam alem de alimentar o ego de seus reis e rainhas.