Sobre as críticas ao BBB

Já vi muito texto de gente culta e intelectual criticando ávida e duramente o programa BBB. Argumentam com informações detalhadas, fazem estimativas do lucro da emissora. Acho esses textos contraditórios por um único motivo, um questionamento inquestionável: os autores assistem ao programa.

Se não os assistissem, não conseguiriam apontar motivos tão precisos da nocividade do programa. Ou será que só o assistem para poder falar mal, para poder escrever sobre?

Ora, o programa está na sua 13ª edição. Já estão cansados de saber do que se trata. Se ligam a TV no horário, já sabem o que encontrarão. E ligam.

Lembro-me perfeitamente que não assisti à primeira edição. Porque quando soube como era o programa, não me interessou. De fato, não instrui, não ensina, não acrescenta. Ou então, ensina às avessas, o que não deve ser feito. Mas entretém e diverte, isso sim, não podemos negar.

Não assisti à primeira edição, nem à segunda, nem à terceira, nem à quarta... Não me lembro que edição era quando assisti a alguns dias, rendido pelo falatório nas rodas de amigos, que não assuntava outra coisa. Me senti um alienado. Só eu não tinha comentários. Então precisei assisti-lo para pelo menos entender as piadas dos amigos.

Não sou hipócrita de dizer que não gosto do programa. Reconheço que não tem nada de cultural, mas quando me disponho a assisti-lo, o que quero não é cultura ou conhecimento. É apenas rir. Dos absurdos que se faz e falam, e a que os participantes aceitam se submeter. Admito também que gosto de apreciar alguns corpos e as falas cheias de clichês do Pedro Bial no dia dos paredões.

Contudo, não vale a pena dedicar o nosso precioso tempo diário a isso. Claro que nos rende muito mais ler um livro, assistir a um filme ou jogar xadrez. Assistir ao BBB é para quem tem tempo sobrando. E cada um sabe quanto tempo tem e quanto dele está disposto a dedicar a cada ocupação.

Eu não discordo do que os textos críticos dizem. Mas tampouco acho que a emissora esteja errada. Se eu encontrasse um meio de faturar milhões exibindo o comportamento de pessoas confinadas, que se dispuseram a isso voluntariamente, eu faria o mesmo. Só acho que os autores desses textos cruéis deveriam acrescentar no final: “apesar de tudo, continuarei assistindo ao BBB, para poder continuar falando mal.” Duvido que após tanta crítica, deixarão de apreciá-lo.

Esses textos dão ainda mais IBOPE ao programa. É como alguém que vê algo horrível e ainda chama o outro: “Olha que coisa feia, olha, olha, olha!” E aí, ambos não conseguem despregar os olhos. A emissora, o Bial e até os telespectadores fiéis, tão acostumados aos jargões, devem estar usando este: falem mal, mas falem de mim.

(Catalão, 24/01/2013)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 04/02/2013
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