EU, TOM E BOB
Fui assistir, na Lagoa, o campeonato mundial de Skate. Eu, ex-skatista orgânico, que descia a ladeira da rua Tenente Costa na década de 1970, uma das primeiras pistas de rua do Rio de Janeiro, segundo matéria do Globo Esporte e gostei muito do que vi. Com organização perfeita e pistas com rampas altíssimas, os meninos faziam acrobacias de tirar o fôlego.
Fiquei impressionado com a popularidade de Tom Schaa, um menino norte americano, de treze anos, distribuía autógrafos nos skates de seus fãs que faziam enorme fila para conseguir a atenção do ídolo mirim. Outro famoso que estava lá era Bob Burniquist esse, brasileiro, experiente, trinta e sete anos, várias vezes campeão mundial.
No entorno da competição, vários jovens curtiam seus skates nas pistas da Lagoa, alguns não tão jovens faziam do domingo uma volta ao passado. Lembrei dos campeonatos que eram realizados na Quinta da Boa Vista. Notei algumas diferenças entre as épocas, os skates hoje são infinitamente superiores aos de antes, os designers facilitam os movimentos, são maiores e mais resistentes.
Outra diferença foi a música que embalava o evento da Lagoa: hip-hop. No “meu” tempo era rock’n roll pesado. Li em uma matéria que os praticantes de antigamente eram “grungers”, o que não é verdade. Não havia nada de “underground” no comportamento da rapaziada.
O sol brilhava o que fazia o momento ainda mais especial. Fiquei observando as pessoas e pensei de como é uma afronta, falta de respeito com quem morreu, as pessoas deixarem de ser felizes por mesquinharia. É indigna a pessoa saudável reclamar por coisa nenhuma e amiúde. Pensei nos jovens da tragédia de Santa Maria, e de como os que ali estavam se pareciam com eles.
Precisamos viver com alegria, aproveitando a doçura dos momentos, sentir-se vencedor por ter vivido e feito brilhar “aquele” instante. Como nesta frase de um skatista anônimo: “Andar de skate é tomar impulso, atravessar a rua, subir e descer calçadas, dropar de um lugar alto, improvisar, equilibrar, saber cair e depois levantar.”
Ricardo Mezavila