Você Quer Ser Super-Homem?


Os cientistas anunciam descobertas que aproximam da realidade a ficção dos filmes fantásticos. Praticamente, devido à manipulação dos genes, prometem alongar e estender a nossa vida aproximando-nos de uma longevidade bíblica. Poderia a Previdência e os institutos particulares de aposentadoria sobreviver a tantos anos de sobrevida?

Está a humanidade preparada para viver 100, 120, 150 anos? Não digo de chegar a tal faixa arrastando-se pelo solo e dependendo em tudo da serventia alheia. Seremos idosos funcionais e saudáveis, jogando tênis e fazendo amor.

Quem quer viver para sempre? Um escritor, cujo nome fugiu-me, disse que viver 100 anos pode ser o céu ou o inferno. Será o céu se tivermos uma aparência e disposições juvenis, um ambiente familiar saudável, além de uma conta bancária vultosa. Será o inferno, se nos arrastarmos feito múmias caquéticas a solicitar o auxílio alheio, nem sempre generoso e fraterno.

Mas o que me preocupa é outra revelação científica: através da manipulação dos mesmos genes, esta caixa moderna de Pândora, afirmam os doutos da genética que poderemos “incorporar” qualidades específicas dos animais, ou intensificar nossos sentidos. É o homem brincado de Deus. Desta forma, incorporando a habilidade das lagartixas alguns poderemos, literalmente, subir pelas paredes. Nisto vejo grande utilidade: dispensaremos, em um futuro não muito distante, o uso de escadas e elevadores em nossos condomínios – imagine a economia de custos.

E quando houver um incêndio? Poderemos todos descer em completa e total segurança. Cada um será um homem-aranha. O olfato poderá ser canino – o que não sei se em alguns casos será vantagem. O marido traído entra no quarto, cheira e decreta: tem um macho aqui. Antes que o revólver dispare contra as frágeis portas do armário, o amante já desceu veloz pelas paredes externas chegando em segurança ao térreo – as novelas deverão ser mudadas.

Poderemos ter a força dos tigres e a velocidade dos leopardos. As olimpíadas nunca mais serão as mesmas. Quebrar-se-ão recordes atrás de recordes. E quanto à visão da águia? Os “voyeurs” poderão dispensar binóculos ao vigiar as vizinhas trocando de roupa sem a menor cerimônia.

No entanto, nenhum cientista ainda me apresentou uma revolução genética que provoque bem moral ao homem. Como desenvolver o gene da honestidade, da fraternidade, da ética e da justiça? Viver 150 anos entre homens com superpoderes, mas sem uma convivência digna, poderá se o inferno. Vou ficar feliz, feliz mesmo, quando a ciência, ao invés de nos transformar em Matusaléns ou em animais, anunciar que pode manipular o gene que transforma o homem em um ser mais humano: isto sim será motivo de farta comemoração!