O nosso lado mais proibido.
Todos nós temos um lado que fazemos todo o possível pra esconder de todos e até de nós mesmos. É uma parte da gente que ninguém conhece, ou se conhece faz vista grossa, finge que não é com a gente. Às vezes ficamos toda a vida levando isso num bolso escondido nas calças da vida. Tem horas que não dá pra disfarçar, ele vem à tona como se estivesse buscando seu último fôlego de ar pra sobreviver. Então cai a lona e o nosso circo fica desnudo, como aquele menino flagrado roubando doce na barraca da feira. Ou, lembra bem, quando a professora olha justamente na hora de passar a cola pra coleguinha que havia prometido um beijo em troca das cinco primeiras questões da prova. Esse nosso lado proibido para menores e maiores talvez seja a nossa parte menos contaminada, ainda isenta e ilesa destes bombardeios que recebemos toda hora e, dos quais, só nos resta entricheirar nossos medos e mandar ver. Aí chegam as rugas e nos olhamos nos espelhos e não nos enxergamos mais: a imagem do outro lado é do nosso pai, ou até do nosso avô. Vamos arqueando o que outrora esnobava sua rigidez e descobrimos que a vida foi generosa, mas também tem seus limites, fronteiras que não haverá suborno que a faça abrir a porteira pra nos deixar entrar, ou sair, ou seja lá o que for. Então, meu irmão, a única coisa que restará a fazer será pegar todo aquele lado esquisito que a vida toda não sossegou enquanto não estivesse acobertado e ficado lá, quietinho e calado, naquela frieira sorrateira da nossa alma. E fazer dele nosso estribo fiel para seguirmos até o final, acompanhado do único companheiro que nunca nos traiu, abandonou ou fez brotar alguma dor nas nossas noites de sono.
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