Saudades de S.Paulo-Bairro da Moóca

Ele era um típico ítalo/paulistano.Grandão,simples,dono de uma mecânica numa praça entre a rua Canuto Saraiva e outra que não lembro o nome.Era grosseiro,mas sempre com um sorriso.A vizinhança levava o carro lá para consertos e arranjos,inclusive uma menina de seus 20 anos.Ele consertava o carro e a menina,e ela gostava.Eu namorava uma italianinha que morava próximo à oficina,a qual era muito amiga das outras da vizinhança.Numa rua que saía desta praça e subia para a Av.Paes de Barros,havia casas bonitas,gente bonita e um caipira no meio de tudo isso.Ma che! Mamma mia! E vivíamos o que a Vida nos proporcionava,pois quando se é jovem tudo vale a pena.E a Matilde da rua de cima?Era bonita e só gostava de ficar com as meninas.Se a gente chegava perto ela desconversava e se mandava.Havia os bailes no Clube Paulistinha,à rua Madre de Deus,com o conjunto A Tuco.Era fantástico!!!Havia a turma do Zé Índio e a scuderia Pepe Legal.Era a turma da pesada.Participavam de programas de TV,torneios y otras cositas mas.E tinham um time de futebol de salão-Parque da Moóca-com os quais jogamos pela Fundição Brasil e foi aquela *Pauleira*.Quando se é jovem tudo é possível,inclusive o impossíve.Eu trabalhava na Fundição Brasil,à rua Sarapuy,próximo dos locais citados,e depois fui ser vendedor da fábrica do pai da italianinha,na Canuto Saraiva. Há uns 3 anos passei por lá.Muita coisa mudou,menos o sobrado onde morava a italianinha,seus pais e avós.Parei.Olhei.Relembrei.Chorei.A Vida não tem jeito,ela segue em frente mesmo que a gente não queira.E o mecânico que não lembro o nome,onde andara? A italianinha não se casou e morava no bairro de Moema.A Fundição Brasil fechou as portas,como a f'ábrica do Roberto Ugolini e outras de muitos italianos empreendedores,inclusive a do pai da italianinha.Sao saudades que machucam o coração,entorpecido pelo viver tudo de todas as maneiras,como dizia Alvaro de Campos.Havia muitas indústrias na região que não existem mais.A turbulência dos afazeres,do criar,do refazer,do inventar não existe mais.A tecnologia tomou o lugar do homem na criação.Esta tudo pronto na Net,não e preciso pensar.E o italianinho mecâico,como estará?A Matilde com certeza tem seus direitos outorgados pela nova lei.Deve ser uma senhora feliz.As casas geminadas daquele trecho gostoso,continuam lá,mostrando que alguem foi feliz.Não importam os dissabores que cada um passou.As marcas estão lá.A praça está lá,pois não foram destruidas pela especulação imobiliária e meu coração,as vezes,passeia por lá buscando entender o sentindo da Vida.Dizia o poeta-*Voi che entrate,lasciate ogni speranza.*Se está certo,eu não sei; se está errado eu não sei,mas que a Vida é gostosa,isto ela é.Viva a Vida! Fiquem na paz!

Chico Chicão
Enviado por Chico Chicão em 02/02/2013
Reeditado em 02/02/2013
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