DÊ NOMES AOS BOIS

Depois de inúmeros pedidos para escrever, já que faz alguns dias que não faço isso, resolvi pôr aqui algumas palavras, mesmo sem saber como começar e nem o que escrever – disse que são vários pedidos para dar um ar de: nossa como ele é importante! Mas na verdade foi somente um. Então, depois desse único, porém muito importante pedido, aqui está mais uma crônica. Que vergonha!

Eu disse vergonha? Acabei de ter um insight. Por falar nisso, obviamente que você deva ter apelidos que goste e outros que não comenta nem de brincadeira, pois se tem uma coisa que pega mais do que aids é o tal do apelido. Alguns deles causam muita vergonha até mesmo em quem é sem vergonha. Em casa ninguém me chama por nome. Nego, Neguinho, Preto, Pretinho e Negútio são alguns dos quais minha mãe costuma me gritar. Por favor, não me pergunte o que significa Negútio, talvez seja a derivação besta de Nego. Agora certamente você está se perguntando em que hora vou citar aqueles mais escabrosos colocados pelos amigos. Prefiro não mencioná-los aqui para preservar minha integridade emocional. Tem um de infância que ainda não entendi, mas era um dos mais populares: bafo de onça.

Você já deve ter notado que apelido a gente não escolhe: – meu nome é Camila então meu apelido vai ser Kaká com dos Kás ou então se for Manoel provavelmente me chamarão de Manu. Esqueça isso. Geralmente os apelidos não têm nada a ver com as inicias do nome. Defeitos físicos, tiques-nervosos ou coisa parecida dão origem a eles. Se a Camila for magra é quase certeza de que terá o carinhoso apelido ‘linguiça’ como companheiro. Se for gordinha será chamada de rolha de poço e se usar óculos atenderá pelo adorável “quatro olhos”, e ainda ouvir eternamente a deliciosa riminha: dois de carne, dois de vidro e um fedid... E o Manoel? Esse já nasce com apelido próprio: Mané. Cabe lembrar de que alguns nomes têm apelidos embutidos, por exemplo: José foi e sempre será chamado de “Zé”, João que se contente com Jão, Chico é mais conhecido do que Francisco. Se a Benedita for pobre terá ainda a brincadeirinha manjada com seu nome: dita dura.

A mãe da Verinha, ainda grávida, nunca pensou que sua filha teria um nome composto após ficar adolescente: Vera Motocão. Assim foi com a mãe da Joana sem teta e o Jão sem pescoço. Tomara que nenhum deles leia esta crônica. Posso ser velado no dia seguinte caso descubram seus apelidos publicamente. Agora me diga: - tem gente que você conversa, conversa e conversa e não sabe o nome. Que coisa feia! Você já pensou que a dona Maria não gosta de ser chamada de “tiazinha da limpeza”? Você já notou que é melhor chamar o motorista do ônibus pelo nome em vez de ‘Motô’? Você já percebeu como é gostoso encontrar alguém e a pessoa te cumprimentar chamando pelo seu nome? Entre amigos é diferente. Tenho um que o chamo de “Preto Velho” e ele fica todo todo. Mas pensando bem, depois desta crônica será muito provável que comesse a chamá-lo de Alexandre.

Eder Tofanelli
Enviado por Eder Tofanelli em 01/02/2013
Código do texto: T4117918
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