Hoje e Ontem
hoje eu me lembro da minha juventude
uma época de super poderes, onde eu via mais longe do que poderia alcançar.
sei lá por que causa, tudo era diferente... a energia era uma coisa inesgotável, ficar sentado era difícil.
em meus momentos nostálgicos, lembro-me de fazer o que queria, com os braços esticados, tal qual fosse abraçar o mundo... e ele era de certa forma, meu.
o mais estranho dessas lembranças é que elas são tão esparsas, tão agradáveis
de certa maneira me deixam ao mesmo tempo, triste, mas com um sorriso no canto dos lábios.
me lembro de sentir o vento, muito vento, das noites, das bebidas, das risadas, do horizonte.
um horizonte inatingível, pintado de vermelho e laranja, abaixo da imensa cúpula celeste.
e hoje, estou neste horizonte... quando olho para trás ainda ouço a música dos meus jovens anos, ficando mais baixa.
minhas lembranças são em câmera lenta, de pular, de correr, de sorrir, de ter dúvidas, de ser um pouco egoísta.
às vezes sinto o gosto acre do sangue no meio dos meus dentes, a queima da pinga na garganta e a dor das brigas de rua.
outras sinto o molhado dos beijos das garotas, o ribombar ansioso de meu coração, as histórias de meu pai.
sinto a caneta deslizando no papel resolvendo as provas do colegial, o peso nos meus braços de meus irmãos recém-nascidos, o sorriso de minha mãe
ouço o riso de meus amigos, escuto o barulho dos copos de cerveja se tocando num brinde mudo no boteco, lembro de suas dores e seus conselhos
sinto a lágrima de amor e de dor que escorre na bochecha, sinto meu passado, tão lindo, tão imperfeito... dolorido e feliz, como deveria de ser, com gosto amargo e doce, com sofrimentos, lutas e conquistas.
o que posso dizer? obrigado a todos que fizeram parte de minha juventude... agora eu sei que fui eu quem dei esta juventude a vocês e por isso hoje sou assim, moldado ao vosso modo... o melhor dos modos!