"VEJO UM ESPÍRITO SUBINDO DA TERRA"
Em recente comemoração por ter feito gol, o jogador uruguaio Lodeiro, tirou a chuteira, levou-a ao ouvido e simulou estar falando ao telefone. Perguntado, após o jogo, o que aquilo significava ele respondeu que estava falando com seu pai, falecido há pouco mais de um ano.
É simbolismo, porém de grande valor sentimental. Podemos nos comunicar com nossos mortos através da ferramenta que utilizamos. Eu por exemplo posso me comunicar com meus pais através de uma caneta; o guarda de trânsito pode usar o apito; o açougueiro, a faca; o médico, o estetoscópio; o professor, o apagador; o juiz, o martelo; o pedreiro, a colher, e por aí vai...
A comunicação com os mortos é uma ideia antiga que consta em passagens na Bíblia: “Samuel tinha morrido. Todo o Israel participara dos funerais, e o enterraram em Ramá, sua cidade. De outro lado, Saul tinha expulsado do país os necromantes (quem fala com os espíritos) e adivinhos. Os filisteus se concentraram e acamparam em Sunam. Saul reuniu todo o Israel e acamparam em Gelboé. Quando viu o acampamento dos filisteus, Saul teve medo e começou a tremer.. Então Saul disse a seus servos:"Procurem uma necromante, para que eu faça uma consulta"
Saul se disfarçou, vestiu roupa de outro, e à noite, acompanhado de dois homens, foi encontrar-se com a mulher e disse: "Quero que você me adivinhe o futuro, evocando os mortos. Faça aparecer a pessoa que eu lhe disser.” A mulher perguntou: "Quem você quer que eu chame?" Saul respondeu: "Chame Samuel" A mulher viu Samuel aparecer. “Vejo um espírito subindo da terra". Saul perguntou: "Qual é a aparência dele?" A mulher respondeu: "É a de um ancião que sobe, vestido com um manto". Então Saul compreendeu que era Samuel, e se prostrou com o rosto por terra.
Alimentar a saudade, apesar de parecer masoquismo, é uma atitude saudável que devia ser entendida mais racionalmente. Saudade nunca pode ser sofrimento, mas a busca da permanência do amor.
Ricardo Mezavila