MÃES DA TRAGÉDIA... (SANTA MARIA) - 100
É quando te vejo ali, mãe, prostrada ante a inércia de teu filho que se foi, que posso sentir que a guerreira entregou as armas, baixou a guarda, aninhou, ajoelhou e chorou.
Chorou como nunca havia chorado, sentiu o que nunca havia sentido e gritou, como nunca havia gritado, com todos os seus sentidos, com todas as fibras de seu corpo se retesando, na esperança de anular tamanha dor.
Choras de dor, de indignação, de sofrimento, mas, daquele que rasga o peito, dilacera o coração e esvazia a alma, que só uma mãe pode sentir, quando é impedida de apenas ver, e de adorar, todos os dias de sua vida, aquele ser que para ela é a representação maior dos seus motivos de luta, de esperança e de glória.
E, ao ver-te assim me vem ao pensamento, neste momento, quantas noites estiveste, como estás agora, de joelhos, frente ao berço deste filho, velando por sua saúde por algum motivo abalada, mas, sabias haver a esperança da cura, de no dia seguinte vê-lo novamente a correr pela casa e do abraço apertado e carinhoso antes de dormir.
Que teu corpo da dor se levante se retese, embora tua alma permaneça ali, de joelhos, que com a dignidade das mães desta tragédia o faças e que consigas seguir em frente, embora saibamos nós, sem o teu direito maior, tão amorosamente conquistado... De abraçar teu filho, em todos os dias de tua vida...