Diversão marítima na orla de Manaíra

Enquanto eu esperava o ônibus na orla de Manaíra, o mar ameaçava invadir o concreto, sem dó nem piedade. Mas, por enquanto, se contentava em molhar a passarela das pessoas curiosas que iam ver o espetáculo daquela fúria marinha.

De um lado eu ouvia o barulho das ondas quebrando contra os blocos de cimento inertes na praia. Do outro lado eu ouvia o som dos automóveis buzinando, acelerando e freando ante a rapidez da vida urbana. Sentada em um banco de concreto junto à praia, eu sentia as gotículas de água com espuma de sal respingarem sobre o meu rosto, ao passo que elas brilhavam entre os meus olhos e as luzes dos postes. As ondas estavam bravias e me ameaçavam um banho, o que eu não temia, pois sentia aquilo como se fosse a leveza dos primeiros sinais de uma chuva, a maresia a me molhar.

A poucos metros de mim, crianças brincavam com o estrondo que as ondas produziam ao irem de encontro com as escadas do quebra-mar. Hora pulavam driblando a água, hora arriscavam se banhar. Uma delas era uma menina barrigudinha, apertada em um maiô azul, que passava comendo um cereal de milho assado. A outra criança era um menino magricelo, que passava por mim carrancudo, quando a essa altura a mãe dos dois já os privava da diversão aquática, arrastando-os, contrariados, pelos braços.

Logo em seguida, um garoto maior vinha em minha direção, se equilibrando de braços abertos no banco da calçadinha, que também servia de parede para o mar não avançar na pista. De repente um esguicho de água o atingiu e, assustado, ele pulou para a calçada. Nessa hora já havia mais de dez pessoas esperando o ônibus, que estava a meia hora atrasado. Todos olhavam a bravura do mar, alguns se protegiam contra as gotas que alcançavam seus rostos, outros apenas conversavam distraídos.

Se para os adultos, aquilo era algo ameno, para as crianças aquela fanfarra marinha trazia muito encanto e elas admiravam o perigo e a beleza daquela maré alta, como se fosse um brinquedo em um parque de diversão, em plena quarta-feira a noite, na última semana de férias.

Stephany Eloy
Enviado por Stephany Eloy em 31/01/2013
Código do texto: T4116645
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.