Por mais terras que eu percorra...
O Leo Della Volpe (o sobrenome é da mãe) fazia rabiscos sobre viagens. Aqui, uma crônica escrita na minha época de Curitiba, cidade acolhedora e bonita onde vivi por 13 anos, sem jamais esquecer das campinas orvalhadas quando eu ainda tinha tempo para sentir as folhas úmidas nas manhãs de sempre.
" Foi sugerido que eu falasse a respeito dela: essa moça com quem vivi 46 anos. Isso seria tarefa para gente muito mais competente e menos comprometida que pudesse ter sobre ela um olhar mais isento, o que não é o meu caso.
Tentarei passar um pedaço da minha experiência pessoal, com a voz do coração e economia de palavras, pois todas seriam poucas.
A minha relação com ela começou como a grande maioria das experiências de qualquer menino deslumbrado, descobrindo de pés descalços um mundo novo a cada dia.
Ela, menina generosa, esticou um dos seus braços na minha direção, permitindo que nele eu brincasse sem cuidado e sem medo. Birola, maranhão, catecismo, bola e balão. Reino Independente da Rua 5, só limitado pelo Território Autônomo da Rua 8...
Fui crescendo junto com ela. E a menina de então, por quem eu era apaixonado sem nem ao menos desconfiar, foi se mostrando em toda a sua lascívia.
Descobri ao longo do tempo o melhor e o pior de sua anatomia, percorri todo o seu corpo e nele encontrei muitas alegrias e poucas tristezas, grande prazer e alguma frustração, tantas vezes nos amamos e algumas nos desencontramos nessa longa convivência.
Hoje simplesmente me recuso a admitir suas rugas. Conheci outra moça, aparentemente mais bonita e charmosa, mas não é Você, Campinas.
Por mais terras que eu percorra
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá!
"Canção do Expedicionário" letra de Guilherme de Almeida, Poeta Campineiro e música de Spartaco Rossi"
(a foto é Estação Cultura-Antonio da Costa Santos, tombada como patrimônio histórico e cultural da cidade em 1982, onde comecei com o pai a minha carreira de viajante eventual)
(Leo Della Volpe) Leonilson
O Leo Della Volpe (o sobrenome é da mãe) fazia rabiscos sobre viagens. Aqui, uma crônica escrita na minha época de Curitiba, cidade acolhedora e bonita onde vivi por 13 anos, sem jamais esquecer das campinas orvalhadas quando eu ainda tinha tempo para sentir as folhas úmidas nas manhãs de sempre.
" Foi sugerido que eu falasse a respeito dela: essa moça com quem vivi 46 anos. Isso seria tarefa para gente muito mais competente e menos comprometida que pudesse ter sobre ela um olhar mais isento, o que não é o meu caso.
Tentarei passar um pedaço da minha experiência pessoal, com a voz do coração e economia de palavras, pois todas seriam poucas.
A minha relação com ela começou como a grande maioria das experiências de qualquer menino deslumbrado, descobrindo de pés descalços um mundo novo a cada dia.
Ela, menina generosa, esticou um dos seus braços na minha direção, permitindo que nele eu brincasse sem cuidado e sem medo. Birola, maranhão, catecismo, bola e balão. Reino Independente da Rua 5, só limitado pelo Território Autônomo da Rua 8...
Fui crescendo junto com ela. E a menina de então, por quem eu era apaixonado sem nem ao menos desconfiar, foi se mostrando em toda a sua lascívia.
Descobri ao longo do tempo o melhor e o pior de sua anatomia, percorri todo o seu corpo e nele encontrei muitas alegrias e poucas tristezas, grande prazer e alguma frustração, tantas vezes nos amamos e algumas nos desencontramos nessa longa convivência.
Hoje simplesmente me recuso a admitir suas rugas. Conheci outra moça, aparentemente mais bonita e charmosa, mas não é Você, Campinas.
Por mais terras que eu percorra
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá!
"Canção do Expedicionário" letra de Guilherme de Almeida, Poeta Campineiro e música de Spartaco Rossi"
(a foto é Estação Cultura-Antonio da Costa Santos, tombada como patrimônio histórico e cultural da cidade em 1982, onde comecei com o pai a minha carreira de viajante eventual)
(Leo Della Volpe) Leonilson