Histórias não contadas
Os amigos não terão mais a companhia querida para as baladas e encontros de estudos, papinhos fúteis, caminhadas...
Os irmãos não terão mais a quem atribuir a culpa por chegarem alem do horário, pela roupa emprestada, pelos danos no carro do pai, pela multa experimentada...
Os padrinhos não terão a quem amparar na falta dos pais, já que essa falta não haverá...
Os tios não compararão o desempenho dos seus filhos em relação aos primos e não imputarão aos irmãos a “falta de educação” dos sobrinhos...
Os namorados, as namoradas, não se importarão com as compras no dia a eles consagrado, nem no Natal ou aniversário de suas amadas, seus amados...
E as moças não comprarão sapatos, nem os jeans rasgados ou vestidos coladinhos, extravagantes, ousados...
E os moços não procurarão os tênis da Nike, a potência do som do carro, a cerveja, o cigarro...
E os livros da faculdade, as matrículas, as mensalidades, a poupança prá formatura, a monografia, o TCC, a colação, o diploma, não serão alvo de preocupação como foram um dia...
Os advogados, os juízes, os promotores, os médicos, os agrônomos, os engenheiros, os analistas, os psicólogos, não serão formados...
Os pais amargarão a perda, se alimentarão da saudade, imersos em profunda dor, sustentados pela fé, pela solidariedade, ou até pela incredulidade passageira que se aporta, mas que pelo aspecto oposto da impotência própria ou alheia, também conforta.
Histórias interrompidas, capítulos de vida que não serão transmitidos...
Quem ficaria com quem? Teriam filhos, netos? Seriam do mal ou do bem?
Conheceriam meus filhos nos desconformes caminhos da vida? Seriam meus genros, noras, ou uma companhia querida?
Não sei. A história não será contada, foi interrompida...
Penso, cá com meus botões, que para requisitar um contingente auxiliar tão grande de uma só vez, Deus deve estar sobrecarregado com o trabalho que Lhe delegamos.
Nada entendemos dos Seus Desígnios, mas a fé nos faz crer que Ele escolheu os merecedores de fazer parte da Sua mais Sublime Corte.