Lagoa do Parque Califórnia
O Lago do Parque Califórnia
Nunca vou me esquecer do dia em que fui ao Parque Califórnia, pela primeira vez, conhecer minha casa nova e me encantei com as garças à beira do Lago. Ainda não tinha visto um bairro que tivesse um lago só dele em lugar nenhum, muito menos em Jacareí. Quando passei por lá haviam pessoas sentadas em uma sombra pescando. Parei o carro, desci e fui conversar com elas. "É água limpa moça", me garantiu um deles. "Antes isso aqui era só um brejão, daí veio à prefeitura, mandou limpar tudo, represou a água para aproveitar as nascentes, já são tão poucas no planeta, não é mesmo?" Me disse o outro, "graças a Deus as nossas estão preservadas", disse o homem, cheio de orgulho. "Nós que nos unimos e plantamos estas árvores aí "tudinho" que a senhora está vendo, as moças do meio ambiente nos explicou que é para fazer a mata ciliar e evitar a erosão do solo em volta do lago". Fiquei por lá mais algum tempo contemplando e depois fui fechar negócio com meu novo lar, agora muito mais valorizado, com um lago de água limpinha e três nascentes alimentando aquela “belezura” toda. Passei a visitar o pequeno lago de águas serenas e cheio de peixes diariamente nas minhas caminhadas. Para o nosso lazer havia também um parquinho para as crianças e uma quadra de futebol, onde os adultos se divertiam correndo atrás da bola, fazendo ás vezes até campeonatos "solteiros x casados" e era tudo muito divertido. Mas um dia, durante a caminhada ao olhar para o lago, me deparei com centenas de peixes mortos, outros boiando, com a boquinha abrindo e fechando, procurando o ar que já não existia mais no meio daquela água escura como borra de café. Junto comigo, outros moradores pararam e se indignaram e até choramos de tristeza com a maldade que fizeram com aquelas criaturinhas. Chamamos as moças da prefeitura, que já não estavam mais no comando, outros vieram e ordenaram a retirada dos peixes mortos e só. Fizemos protestos, cobramos providências. Era época de eleições, então colocaram tapumes e esvaziaram o lago, cortaram a mata ciliar com a promessa de que iriam revitalizar tudo. Depois que ganharam a eleição, retirou-se os tapumes, deixaram o mato crescer no parquinho, onde as crianças já não brincam mais, o brejo voltou a reinar na quadra, onde os adultos não jogam mais e a poluição tomou conta do lago que não tem mais peixes, nem garças. O mesmo "Poder" que deu vida ao nosso lago, tirou a alegria dos moradores, esquecendo daqueles que os colocaram no "Poder". Nossos protestos foram ignorados e nosso lago esquecido pelo poder público. Agora só o que se vê no local, são ratazanas e tristeza.
Joana Aranha
Bióloga e Escritora