O LADO BOM DA VIDA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
A locução “angulus ridet”, em latim, corresponde a um fragmento de um verso em uma ode de Horácio, um dos maiores poetas da Roma Antiga. Significa, literalmente, um ângulo que sorri, isto é, um cantinho feliz, um recanto bucólico, um alqueire, uma nesga de terra que nos pode fazer felizes. Em suma, o significado é: coisas pequenas, coisinhas, miúdas e graciosas, lugares calmos e tranquilos, um abrigo para desabrigados, uma casa de campo distante do caos urbano. Pois é aí que se encontra a felicidade. A capela no alto da Serra da Piedade me proporciona mais elevação de alma que as ogivas de uma majestosa catedral gótica. Criancinhas costumam se encantar com brinquedinhos e bonecas nem sempre os mais caros.
Grandes palácios. Na Europa os há em profusão. Suntuosos. Mas não me passam a sensação do aconchego que eu gosto de ter. Corredores sem fim, mas felicidade mesmo, às vezes só nos confins. Principalmente quando a paz física do lugar vem associada à paz de espírito. Isso porque transportamos problemas aonde quer que aspiremos estar para deles nos ver livres.
Cyro dos Anjos escreveu: ”Paz física da Rua Erê, por que não te transformas em paz de espírito?” E olhe que, naquele tempo, a Rua Erê, em Belo Horizonte, era mesmo muito calma. Além disso, nos restaurantes de luxo se apreciam pratos sofisticados, mas, em casa, hum! até que um mexidinho bem temperado cai bem. Uma boa cachacinha, para quem gosta, desce redondo também, pois agrada ao paladar tanto quanto uma bebida glamourosa. Aliás, a gente paga, e caro, pelo glamour, pela grife, pela fama, pela marca, pela etiqueta. Etiqueta nos dois sentidos: de cerimônia e de uma logomarca famosa. Por sinal, existem falsificações que imitam com perfeição, pelo menos à primeira vista, essas marcas famosas, de relógios, bolsas, gravatas.
Será que muitas celebridades não nos passam também a sensação de enfaramento, de saco cheio com tantos paparicos e paparazzi?