Coração de Metal
Cinza é a neve que cai
Sobre o silencioso feixe de águas
Deslizando por entre pedras negras
Que estão dispostas de maneira a demonstrar uma fenda
Trincada, deixando correr um fluxo contínuo
Que inunda toda a superfície de nosso domínio
A água é um símbolo de toda dimensão
Que se espalha a perder de vista
Saindo dessa ferida...
De um coração que se contrasta
Com “o um Mundo” opaco à sua volta
Se por dentro continuarmos escurecidos
Entre pensamentos, ações e omissões
Não haverá qualquer tom num mundo de inverno...
Acolhedor e infinito,
Pois “é” o único que conheceremos
O Coração de Metal forjado pelo homem
Verterá um sangue incolor,
Para não dizer insosso (sem sabor) para nossos olhos
Agora diferente de tudo que nos foi dado
É preto e cinza...
Senão do pó ou do carvão...
Com o que poderemos reconstruir tudo isso?
Talvez da matéria destruída que nos trazem apenas lembranças...
Conformando-nos com a esperança
De que a primavera poderá ressurgir
Estamos num tempo que cravamos cada vez mais o metal em nosso peito
Do tempo do não tempo, do desperdício
E, logo, ninguém mais perceberá a diferença
Que terá o cinza de nossas vidas...
Bruno Duarte