A IGREJA DE JESUS

Não sou Evangélico, sou Espiritualista, mas respeito e estimo todas as religiões e crenças... não sou eu o dono da verdade!

Do púlpito, o velho pastor pregando aos seus fiéis, por um desses lapsos de memória esqueceu o nome de Jesus. Esqueceu completamente! Por mais que tentasse não conseguia lembrar-se. É preciso que se diga que a sua Igreja tinha tão pouca audiência que se poderiam contar facilmente os minguados e bons fiéis que compareciam em todos os cultos. Então, para não parar a sua pregação e, percebendo que alguma razão muito forte existia para esse esquecimento, continuou usando de outros meios inteligentes. Dizia ele:

— Meus irmãos, “aquele que morreu na cruz pela humanidade abriu o caminho para o perdão, perdoando não sete vezes, mas setenta e sete vezes sete vezes”. Aquele que, nos templos sagrados pende das paredes cravejado, de braços abertos, na cruz do sacrifício, deixou-nos o dever de sermos humildes e puros de coração para que assim nos aproximemos do Pai Celestial que é Deus.

E, enquanto ele falava, tentava a todo custo lembrar-se o nome de Jesus, sem obter sucesso.

Continuou falando e sob aplausos de seus fiéis que nessa noite superlotavam a igreja, coisa nunca dantes visto. E o pastor percebeu que à frente do pessoal que se achava sentado, havia um senhor em pé, alto, magro, de cabelos loiros compridos, e olhos meio azuis que ele não pode distinguir bem, dado à distância. O senhor era desconhecido ali na Igreja, não falava com ninguém e limitava-se apenas a sorrir quando o pastor falava das virtudes do Mestre dos mestres de quem havia esquecido o nome. Continua o pastor:

— Esse irmão querido, filho de Deus, que pende em miniatura das medalhas presas a correntinhas de prata, no pescoço das mocinhas e senhoras como símbolo de fé, deixa-nos claro que devemos amar ao nosso próximo assim como Deus nos ama, sem resquícios e sem mágoas.

E o homem alto, magro, cabeludo, loiro, sorria e aplaudia ao velho pastor. Terminada a pregação, o pastor, chateado por ter esquecido o nome de Jesus, calcule que absurdo uma coisa dessas!!! ele pedia perdão aos fiéis, dizendo que havia feito a mais fraca e ingrata de todas as suas pregações, e pedia também perdão a Deus pela sua fraqueza religiosa que nem ele sabia como podia ter acontecido. Mas, os fiéis na maior alegria, subiam ao palco e abraçavam ao pastor parabenizando-o pela mais linda de todas as pregações que já se ouviram naquela Igreja.

O homem loiro de cabelos compridos continuava parado sem subir ao palco, mas sempre sorrindo com um sorriso que enchia de amor o coração do velho pastor que parecia ser o único que via tal pessoa. Por tantos aplausos e abraços recebidos, o pastor chegou à conclusão de que o seu sermão havia sido de fato muito bonito e tinha atingido os seus objetivos.

Quando todos os fiéis já haviam subido ao palco, abraçado e parabenizado ao pastor agora muito feliz, o homem magro, alto, loiro de olhos azulados e cabelos compridos, subiu ao palco, sempre sorrindo e, ao abraçar o velho pastor, disse-lhe aos ouvidos:

— Eu sou Jesus.

Até hoje aquela Igreja Evangélica vive sempre lotada de bons fiéis e é conhecida por A Igreja de Cristo e, o velho pastor nunca mais se esqueceu do nome de JESUS.

Salé, 13/03/07, às 03h15min Lucas

Lucan
Enviado por Lucan em 13/03/2007
Reeditado em 13/03/2007
Código do texto: T411245