IDOSOS
Muito se tem falado sobre essa época da vida que para uns é a melhor (no meu caso); para outros é o objetivo na idade atual; para outros é o terror e para outros, simplesmente, castigo.
Outro dia fizeram o estatuto do idoso que, como todas as leis no Brasil, são apenas para fazer figuração, porque o seu cumprimento não é entendido pela população como algo natural que existe e que deve ser obedecido.
Alguém chegou à conclusão de que os idosos têm direito ao transporte coletivo grátis nas cidades e, em circunstâncias excepcionais, intermunicipais e interestaduais.
O valor para esse benefício faz parte da planilha de custo que define o valor das passagens, mas parece que os empresários que exploram o serviço esqueceram isso e, vez por outra, negam o acesso ao idoso que fica com a “cara de tacho” diante da porta fechada do veículo, apesar das batidas e dos avisos que outros passageiros fazem ao motorista ou ao cobrador.
Se isso é instrução que os motoristas recebem, os empresários do setor estão praticando o tipo de roubo apelidado de “apropriação indébita” vez que, a passagem daquele idoso, já foi paga pelos demais usuários.
Já existe tecnologia bastante para se acabar com esse abuso.
Da mesma forma que o chip informa para a máquina a condição de estudante para o pagamento da meia tarifa, cartões com a informação da condição idoso deveriam ser distribuídos, para o usuário passar “gratuitamente” pela catraca.
E caso esse cartão fosse usado indevidamente, poderia ser bloqueado pelo cobrador, com um simples toque de botão, sem discussões, brigas ou mortes.
Mortes sim, porque atualmente as cidades brasileiras estão iguais ao velho oeste americano, quando tudo e qualquer coisa era motivo bastante para o uso de arma de fogo, ou mesmo faca, como foi o caso que está nos jornais de hoje, sobre a disputa de dois adultos (em torno de 30 anos) que brigaram, por causa de uma pipa, e um deles foi esfaqueado nas costas pelo, até então, amigo.
Há outra possibilidade para esse comportamento dos motoristas.
Podemos considerar que eles foram vítimas quando crianças, e vêm em cada idoso o algoz da sua infância infeliz.
Talvez tenham sido maltratados, seviciados ou abandonados por alguém de cabelos brancos, portador de bengala ou com alguma dificuldade de locomoção.
O tempo passou e aquele agressor, que já deve ter morrido, se materializa no caco velho batendo na porta traseira do veículo onde ele é o dono, o chefe, o herói e, num revide insosso, indiferente aos apelos, faz com que a porta permaneça fechada.
E vai-se embora saboreando a vingança tardia e inútil.