Tem minha palavra
Uma hora eu me descobri sem palavras, não palavras que não pudesse dizer, mas palavras que não podia escrever, sou um poeta e não tenho palavras...como?
A surdez de Beethoven parece que veio para realçar o talento do músico; uma doença degenerativa, que lhe roubava os traços físicos tão necessários a um artista enfatizou o talento de Aleijadinho;mas como a mudez da alma de um poeta pode encantar seus versos. A palavra é a matéria prima de quem escreve, o poeta faz com que elas compartilhem, em um texto, harmoniosamente, em forma de prosa, crônica, romance ou poesia. Não é dado ao escritor alternativas, não posso usar o sapé, ou a telha, o amianto ou a lona para cobrir o que ele descreve.
Mudo, o mundo literário estava mudo: guerras, amores, conflitos, drama e aventuras não seriam narradas; Ilion não contaria a Guerra de Tróia; Odisseus não narraria as viagens de Ulisses; O Corcunda de Notre Dame seria para sempre e apenas aquele que faz soar os sinos.
O lápis e o papel não não se fazem narrativos se o escritor está mudo de alma:
Ah, alma minha que se calou!!!
Quero voltar a contar, como os olhos não rimam;
Quero de novo minha poesia como a filosofia dos que amam;
Se a palavra em mim se encrava, como tirar emoções dos atoleiros?
É com a palavra que conto que choro, que rio, que viajo, e trago notícias de lá
Quero falar, quero me exprimir, quero ser ouvido.
Sou o oleiro que faz os nomes, substantivos, verbos e adjetivos, sou o pedreiro que constrói as odes, sou um poeta, que me sejam devolvidas minhas palavras, que por elas pagarei o preço justo, só não posso jurar que vou me calar:
Palavra de honra