A tragédia em Santa Maria
No momento em que escrevo, o número de vítimas fatais, 245, de feridos, 48, bem como as causas, ainda são situações instáveis, passíveis de alterações e esclarecimentos, quanto ao incêndio trágico ocorrido na boate “Kiss” em Santa Maria, RS.
Investigações hão de trazer à luz a verdade; mas, sabe-se por testemunhos que houve uso de material pirotécnico em ambiente fechado; ainda há indícios de superlotação no local, o que se vai averiguar.
A Presidente Dilma Russef cancelou sua agenda no Chile e se dirigiu à cidade, bem como o governador Tarso Genro e vários ministros de Estado; a rodada do campeonato gaúcho foi adiada, e a programação da emissora onde vi a cobertura, ( Globo ) foi toda alterada em face disso.
As grandes tragédias conseguem despertar o que resta de humano em nós, a solidariedade, compaixão; como não se entristecer, sentir-se meio parente dos envolvidos? Em ocasiões assim, o excelso valor da vida é posto em relevo, de modo que as coisas todas, alheias a essa, quedam secundárias. Não contam paixões clubísticas, políticas, crenças... o valor da vida nivela tudo, estamos no mesmo triste barco.
Há um registro bíblico que até o inimigo de Deus argumentou como sendo a vida, o valor maior; “Então Satanás respondeu ao SENHOR, e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida.” Jó 2; 4 Mas, só podemos fazer algo pela vida quando ainda a temos.
Outra passagem mostra o mesmo; quando em risco de perderem a vida num naufrágio, os navegadores decidiram abrir mão de seus bens, para evitarem isso; “E, refeitos com a comida, aliviaram o navio, lançando o trigo ao mar.” Atos 27; 38 Portanto, o “Vão-se os anéis, ficam os dedos” é bem antigo.
O fato corriqueiro é que tendemos a ignorar o valor da vida, quando em aparente segurança. Tiago advertiu: “... Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.” Tg 4; 14
Mas, se em ante às tragédias, as crenças são irrelevantes, é justamente ao valor da vida, que se apegam os que creem na Palavra de Deus. Agora, como se verifica, todos valorizam; mas, somos exortados a considerar além; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15; 19 Sim somos chamados a negar nossas paixões naturais, cruz, o que equivale a “perder a vida”.
Mas esse “perder” é mero disciplinar-se sob a orientação de Deus, para enfim, entrar na Vida.
Não significa o crer em Deus, um refúgio tal que nos guarde das tragédias dessa vida; a elas estamos sujeitos; mas, um “depósito” para o além, onde o risco não existe mais.
Infelizmente, com a mesma facilidade que impactamos, volvemos às nossas veleidades; a maioria, exceto os diretamente envolvidos, amanhã esquecerá e tornará aos seus afazeres por mais festivos que sejam; sem aprender nada como algo tão intenso e doloroso.
Não é único, infelizmente, o exemplo de pessoas que no afã de viver a vida, acabam precipitando o encontro com a morte. Se esse “viver” for em situações ou locais adversos à Vontade de Deus, melhor mortificar essa tendência, justamente por amor à vida.
“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.” Platão