FÉRIAS DE VERÃO
Por: josafá bonfim
Resta-nos, ainda, algumas semanas, até que nos despeçamos desse colosso da natureza que todos os anos nos brinda e prestigia com a sua graça, sendo o período do ano em que o rei Sol mostra toda sua realeza. As Férias de Verão, “paraíso” do descanso, do prazer e da diversão, tem lugar em todos os calendários do mundo. São parceiras das grandes fases da existência, vão desde a infância à terceira idade. As agencias de viagens, as redes hoteleiras, o império gastronômico e as praças de diversões no derredor do mundo, se aquecem ao receber os milhares de turistas que deixam suas comunas em busca desses instantes prazerosos de lazer e entretenimento. Uma trégua aos excessos do corpo e da mente acumulados no ano letivo. Mas não é sobre pontos turísticos colossais, nem sobre a magnitude do setor, que movimenta um sem numero de pessoas e uma fábula em recursos financeiros, que proponho abordar neste texto.
Reporto-me aos períodos de férias que marcaram a vida de tantas almas interioranas que fizeram parte de uma geração e de um circulo de amizade indissoluvel, como o meu, vivido na pequena Ipixuna. Um retiro distante, marcado pelo isolamento, onde as políticas públicas voltadas ao progresso, passaram ao largo. Coisas do nosso castigado Nordeste...
Não foram em praias litorâneas, nem ilhas paradisíacas, que costumava passar minhas férias de verão. Foram mesmo no recato da beira-rio que vivi os momentos mais sublimes na minha infância e adolescência. Palco de reminiscências como: a primeira namorada, os aniversários entre amigos, o primeiro e “amargo” gole de cerveja, e tantos outros momentos especiais. Mais tarde foi que vieram as “tertulhas”, e os bailes de boate.
No inicio do ano, os que chegavam primeiro ao nosso reduto, preparavam o ambiente no aguardo dos que por ultimo deixavam os grandes centros onde batalhavam nos estudos, na busca de um lugar ao sol. Pobrezinho o meu Lugar, não tinha suporte, digamos, estruturas suntuosas e requintadas a nos proporcionar. O palco de nossas diversões era mesmo o cantado e decantado Rio Mearim, de águas não tão límpidas, mas puras e navegáveis. Os passeios e pescarias de canoa, os pique-niques, a competição em “saltos mortais” nas altas barrancas, ou mesmo o simples banho de sol na ribeira, o mergulho nas águas, e a travessia a nado, sem falar nas escapadas para "surrupiar" melancias nas vazantes, foram momentos mágicos e agradáveis vividos por aquela juventude que almejava apenas ser livre e o direito de ser feliz na atividade que viesse a escolher. Que tempos foram aqueles... Quantas saudades... Cada vez que ouço aquela velha canção: "Férias de verão", uma versão inglesa não lembro de quem, mergulho numa saudade imorredora.
Hoje, os rebojos da existência me trouxeram aqui, perante vocês, nesse RECANTO, onde ponho-me a externar sentimentos imorredouros como este, que acabo de produzir, na certeza de que: ao deixar o lugar das nossas origens, devemos proceder como a ave que desgarra do seu bando em busca de sustento. Por mais alto e distante que possa pairar, há que bem se conduzir, e alimentar o desejo de quando voltar a sua origem; fazê-lo de fronte erguida e de coração aberto.
São Luis/MA, 25 de janeiro de 2013