DISCREPÂNCIAS

DISCREPÂNCIAS

Em outra crônica já afirmei que, para se ter assunto a fim de retratar o cotidiano, não há necessidade de grandes esforços. Basta percorrer o seu caminho do dia a dia que você encontrará matéria suficiente para encher páginas e páginas.

Ao por o pé fora da porta de meu prédio, logo encontro uma figura que me impressiona sobremaneira. Trata-se de um senhor de origem oriental, japonês, idoso, bem simples. Faz já um bom tempo que ele frequenta o local. De início, ele guardava carro, bem na portaria do Primeiro de Maio F. C., na Rua Álvares de Azevedo. Com o passar do tempo, começou ele a varrer as imediações, juntar o lixo. Hoje, ele se encarrega de fazer a limpeza de todo trecho da rua, recolhe o lixo do shoppinho, deixando a via num ótimo estado, até as esquinas da Rua Elisa Flaquer e Monte Casseros. Nem sei o seu nome, mas admiro sua boa vontade. Ele tem problema de saúde. Sofre de convulsões.

Estou a uma quadra da Rua Coronel Oliveira Lima. Ao alcançá-la, vejo cenas que não são de meu gosto. Desagradam-me muito. Há um número bem grande de cidadãos, interessante que somente homens, geralmente idosos, aos quais chamo de homens-sanduíches. Fazem propaganda enfiados em capas plásticas, frente e verso com dizeres dos estabelecimentos promovidos. Há os que propagam a compra e venda de ouro, os de comidas e aí por diante.

No meu modo de ver, são atividades um tanto quanto deprimentes.

Fazem do homem uma espécie de cavalete, de parede, de postes, de outdoors ambulantes. Não que a atividade seja abusiva, ou expondo o ser humano em perigo, claro que não! Simplesmente, tenho pena desses cidadãos. Mais ou menos como, na China, os condutores de riquixás também me causam contrariedade...

Outra coisa que tem me contrariado é o excessivo número de jovens com pastinhas nas mãos, portando currículos, à procura de emprego! Sei lá, sinto pena em vê-los nessa “via crucis”, atrás de algo que lhes possa ser o início de uma carreira (Deus queira que sim!), ou um motivo para lhes servir de desilusão, em não tendo sucesso na procura. No caminho de minha casa, até a Unimed do ABC, local onde presto assessoria, existem diversas empresas que se dedicam à colocação de mão-de-obra, donde tenho a oportunidade de presenciar a imensa quantidade de pretendentes ao emprego, consultando as ofertas expostas nas fachadas. Se por um lado vejo o fato de modo negativo, de outro tenho que concordar com a sua face positiva, por demonstrar a vontade desses jovens de quererem ser útil perante a sociedade em que vive. E não ficarem zanzando por aí, sujeitos a todos os perigos de que a idade é alvo.

Mas, a minha caminhada matutina ainda resulta em ver novos episódios.

Outro deles é dos cidadãos, geralmente alcoólatras, puxando ou empurrando carrinhos, com materiais descartáveis, caixas de papelão, na maioria das vezes. Que eles pratiquem essa atividade, nada contra. Além de dar um fim nesses materiais, contribuem na limpeza da cidade, e, se não fosse o vício, estariam sustentando a família, se é que eles têm. Enfim, é o ganha-pão deles. Acontece que eles perambulam pelo centro da cidade, onde existe a maior concentração de comércio, donde maior a quantidade dos materiais.

E, no centro, o trânsito é caótico. Os catadores, sem a menor cerimônia, transitam pelas vias públicas de grande movimento, na contramão; ou mesmo, na mão de direção dos veículos, dada a velocidade em que andam, sempre contribuem para causar lentidão no trânsito.

Trânsito... Motoqueiros! É um assunto que não gosto nem de pensar!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 25/01/2013
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