Dia Amaldiçoado

Uma manhã nublada, alguns poucos raios quentes de sol refletindo em seu rosto pela janela do quarto, o despertador tocando desesperadamente, te lembrando que mais um dia de confrontos está começando e que você já está atrasado. Toma banho, veste suas roupas dividindo o seu tempo com o café da manhã e o relógio não para, mas seu tempo está quase no fim. Na noite passada recebera dois telefonemas, que te deixaram atormentado, mas feliz, trabalho e coisas a se fazer e a ansiedade que o novo dia chegasse logo. Mas não aquela ligação que sempre aguardou, mal sabia que nunca ouviria aquelas palavras, talvez não houvesse uma pessoa do outro lado para dizê-las, ou apenas era tarde demais, seu coração nunca saltaria de felicidade ao ouvir um “eu te amo e sempre quis te dizer, mas não tive coragem até esse instante”. Mal sabia que aquele abraço apertado de sua mãe seria o ultimo, junto com o ultimo sorriso que veria. Sempre ouviu frases como “aproveite cada instante da sua vida, pode ser o ultimo”, mas como saber quando realmente será. Milhares de lembranças passam sobre a sua cabeça, as tristeza e alegrias, momentos que anteriormente fizeram valer o dia, como um pequeno filme passando aos olhos, ou talvez seja apenas escuro e vazio, solitário como uma noite que nunca verá o nascer do sol. As pessoas vão chorar a sua falta, dirão que nunca te esquecerão, e no dia seguinte, tudo não passara de uma lembrança, cada um seguirá sua vida, suas atividades e até agradecendo por não estar em seu lugar. É pesado, inevitável e triste, assim como um filme que assistimos e gostamos e que logo logo esquecemos sua história, as cenas que nos fascinaram, fica apenas uma simples lembrança “Aquele filme é muito bom, talvez um dia assista outra vez”. Somos mais que um sopro de vida e grãos de areia. Morremos um pouco quando perdemos um amigo, talvez seja por próprio egoismo de querê-los sempre por perto, ou pelo simples temer que ele se sinta só. Seja ela, a morte, uma peripécia da vida sempre nos lembrando que não somos de ferro, somos carne, choramos e sorrimos e que o tempo é muito curto para negar a felicidade, o tempo é muito curto para deixarmos que o medo seja maior que nossos sonhos. Talvez seja assim, nenhum pouco poético, mas o doce não teria o mesmo sabor sem o gosto amargo.