A fartura é que nos faz mal

O tema que de repente aflorou aos meus neurónios, deixou-me um pouco estupefacto pelo associativismo comum aos desenlaces mais comuns desta sociedade da qual eu faço parte.

Ao ver uma novela na televisão, em determinada altura, a cena é uma acesa discussão entre um jovem casal. A um canto duas crianças pequenas escondidas assistem à discussão dos pais. Comentário das crianças: Será que eles se vão separar?

Uma prática actual no desporto é utilizar-se as crianças para sensibilizar os adultos. Hoje em dia vê-se nos estádios antes do jogo, as crianças de mão dada com os atletas tentando incutir no espectador e nos atletas o respeito mútuo, para que jogo corra sem violência.

Ainda não se lembraram é desse convite ao “Fair-Play,” ser antes e depois do jogo, provavelmente porque a máscara cairia, pondo a nu todo um sistema de hipocrisia, onde impera o vencer, não importa como.

O conceito de “Fair-Play” significa, numa tradução linear para português, jogo limpo, sendo muitas vezes entendido também como Desportivismo e Espírito Desportivo. O princípio está certo, o método é que não está correcto. Com que direito se utiliza uma criança para educar um adulto? Será que em todo um percurso de aprendizagem para a vida o embruteceu? Neste caso teremos que apontar o dedo ao sistema de formação e então algo vai mal.

Para não me perder em considerações, tenho que voltar ao princípio em que as crianças se interrogam se os pais se vão separar.

Dói, mas dói mesmo, ver como a nossa sociedade encara de forma lisonjeira este casa e descasa, como se isso fosse uma fórmula para as pessoas serem felizes. Ou ainda, que se lixe, isto é lá com eles.

No caso de uma separação, em que eu entendo que só por razões de força maior como por exemplo a traição e entenda-se que nem só o adultério é traição, é que as pessoas têm motivo para o divórcio. Em princípio ambos perdem: Perde em primeiro, aquele deu num mau passo, passando a carregar a uma culpa para o resto da vida. Perde o outro porque perante a situação vê de súbito todo um sonho desfeito É certo que também há casos em que por comum acordo se separam por incompatibilidade de feitios (é caso para perguntar para que serviu o namoro).

Porém até nesses casos alguém perde. Acima de tudo perdem as crianças. O divórcio dos pais é sempre um acontecimento traumatizante na vida da criança qualquer que seja a idade.

O divórcio dos pais é mal integrado pela criança, quando a criança se sentiu arma de arremesso entre o casal, quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, faz chantagem, ameaça, agride, entre outras situações, pode comprometer um bom desenvolvimento emocional no futuro.

Ainda que o divórcio seja entre o pai e a mãe, a criança também passa por essa separação, pois tem que separar o que outrora tinha unido dentro de si.

Lorde
Enviado por Lorde em 25/01/2013
Reeditado em 25/01/2013
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