CONJECTURANDO ENTRE O PASSADO E O PRESENTE
O que se pode fazer numa praia distante sentado de frente para o mar olhando as ondas a se desmancharem em espumas flutuantes na areia branca? À companhia de uma loira suada, geladinha, ajuda a amenizar o calor desta tarde quentíssima mas, aconchegante em sua essência salgada e doce ao mesmo tempo. É algo assim surreal, surpreendente em plena quarta-feira. Como coadjuvantes, deliciosas e crocantes bolinhas de peixe fresquinhas. É o paraíso, você até póderia dizer! Não, não ganhei na loteria não, mas é como se tivesse ganho, mas na loteria da vida simples que Deus me abençoou um dia.
Aqui Praia da Baleia, "meu" pedacinho de canto do mar, onde me encanto com o canto das sereias deste lugar. Pessoalmente nunca as vi, mas mesmo assim, encantei-me com seu lar desde a primeira vez que nos vimos a vinte e nove anos atrás. Continua a mesma dama original do litoral Oeste do meu querido Ceará, fato raro nestes tempos de exploração e destruição ambiental pelo setor imobiliário. Podem chamar o que quiserem, inclusive progresso turístico pra gringo ver e cagar, pra mim, isto é transformar nossas belezas e patrimônios naturais em especulação para extrangeiro desfrutar, modificar, colonizar e explorar o que não é necessário.
Enquanto não lembram de depredarem "minha praia", continuo aqui curtindo esta imensidão que se estende diante de meus olhos para alegria de meu coração. Um coração agradecido pelo povo humilde e hospitaleiro desta praia que me receberam carinhosamente como filho adotivo há 30 anos atrás. O esquecimento dos exploradores neste caso é benéfico. Aqui o tempo parece arrastar-se pelas palhas dos coqueiros, das areias batendo nos pés ao sabor do vento ligeiro, onde não existem os tais ponteiros e o digital dos dedos ágeis dos pescadores na busca pelo alimento da familia. Ao longe no horizonte observo o desfile das velas coloridas no rumo do mar à dentro e outras voltando pra terra. Eu, viajo junto nessa odisséia sem precedentes e feliz da vida por estar sempre que posso aqui, no paraíso do descanso d'alma e dos olhos, alimentando sonhos e a própria vida!