Arte: poetas
Dificilmente alguém dirá com certeza e segurança o que é a arte.
Os teóricos dão definições, explicam a atividade humana que necessita e exige espírito elevado quando se dedica ao ramo que prefere e pratica. Interessante que muitos artistas viveram vidas tumultuadas, mas no momento que praticavam seu ofício a disciplina tomava conta. Não é necessário dar exemplo, creio. Todos conhecem um músico ou pintor com a vida completamente desregrada, mas excelente artista.
O que se nota é um grande entrelaçamento entre todas as artes, literatura incluída. Na minha visada, sua irmã mais próxima é a música. A opinião é pessoal e não tenho como justificar; apenas sinto. Não se trata de fato intelectual definido, mas tão somente uma emoção.
Também não faço distinção entre as formas de determinada arte, se a popular é menos valiosa do que a dita clássica. Muitos livros que eram vendidos nas bancas de jornal são bem melhores do que outros tantos, lançados por grandes editoras. Dou apenas um exemplo: o escritor Ed McBain, autor da série famosa 87º Distrito Policial, era tão bom como qualquer autor da Gallimard. Não é mais encontrado. A antiga Edições de Ouro transformou-se e infelizmente não tem suas livrarias espalhadas pela cidade, nem seus livros mais populares são vendidos nos jornaleiros.
A opinião não é só minha. Há alguns anos, a acadêmica Nélida Piñon observou a poesia de Cartola (Angenor de Oliveira, 1908, 1980). Categoricamente afirmou com autoridade que considera o compositor um dos grandes poetas brasileiros. E justificou com a letra de “As rosas não falam”:
As Rosas Não Falam
Cartola
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim.
Então eu pergunto onde está a supremacia de Drummond, o intelectual, comparada com mestre Cartola, que tomava cachaça nas tendinhas do morro.
Não existe. Têm apenas os bons e maus artistas, se é que estes últimos existem. Eu não creio.
Dificilmente alguém dirá com certeza e segurança o que é a arte.
Os teóricos dão definições, explicam a atividade humana que necessita e exige espírito elevado quando se dedica ao ramo que prefere e pratica. Interessante que muitos artistas viveram vidas tumultuadas, mas no momento que praticavam seu ofício a disciplina tomava conta. Não é necessário dar exemplo, creio. Todos conhecem um músico ou pintor com a vida completamente desregrada, mas excelente artista.
O que se nota é um grande entrelaçamento entre todas as artes, literatura incluída. Na minha visada, sua irmã mais próxima é a música. A opinião é pessoal e não tenho como justificar; apenas sinto. Não se trata de fato intelectual definido, mas tão somente uma emoção.
Também não faço distinção entre as formas de determinada arte, se a popular é menos valiosa do que a dita clássica. Muitos livros que eram vendidos nas bancas de jornal são bem melhores do que outros tantos, lançados por grandes editoras. Dou apenas um exemplo: o escritor Ed McBain, autor da série famosa 87º Distrito Policial, era tão bom como qualquer autor da Gallimard. Não é mais encontrado. A antiga Edições de Ouro transformou-se e infelizmente não tem suas livrarias espalhadas pela cidade, nem seus livros mais populares são vendidos nos jornaleiros.
A opinião não é só minha. Há alguns anos, a acadêmica Nélida Piñon observou a poesia de Cartola (Angenor de Oliveira, 1908, 1980). Categoricamente afirmou com autoridade que considera o compositor um dos grandes poetas brasileiros. E justificou com a letra de “As rosas não falam”:
As Rosas Não Falam
Cartola
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim.
Então eu pergunto onde está a supremacia de Drummond, o intelectual, comparada com mestre Cartola, que tomava cachaça nas tendinhas do morro.
Não existe. Têm apenas os bons e maus artistas, se é que estes últimos existem. Eu não creio.