OS HERÓIS MORREM?

OS HERÓIS MORREM?

Não faz muito tempo e estava eu tentando trocar meu carro; meu estimado uno de cor branca, modelo 2005. Buscando aproveitar a “redução” do famigerado IPI, visitei algumas lojas, e não recordo o porquê, mas enquanto aguardava a atendente comecei a divagar em pensamentos; foi aí que subitamente perguntei a uma colega de trabalho que me fazia companhia. Os heróis morrem? Sem entender muito bem o que falei, ela me perguntou:

- O quê?

- É isso mesmo que você ouviu. Os heróis morrem?

- Ah! Não sei, por que cê tá me perguntando isso?

- Bem, é que estive observando meus alunos e percebi que falta na vida de muitos deles a presença de um “herói”, alguém em quem eles possam se espelhar, alguém que eles sintam orgulho; em casa, na rua, no mundo; alguém que desperte neles a vontade de ser como esse alguém, moralmente, intelectualmente, financeiramente...

Eu te pergunto por que já tive meus heróis, bons heróis, até fui pra muitos, um herói, mas por matar esse herói agora me perturba a idéia de talvez ter me tornado um vilão.

O fato é que sem querer ou perceber, acabamos sendo heróis ou vilões para alguém, hoje entendo que nossos jovens, estão carentes de heróis; pais, irmãos, tios... Alguém que lhes sirvam de inspiração para que deixem de andar como zumbis, sem rumo, sem destino certo onde qualquer lugar, qualquer papel que a vida lhes dê está bom. Nossos jovens precisam querer mais do que isso, precisam sonhar mais alto; é verdade que a sociedade corrupta de hoje e a família desestruturada de então, assassinaram nossos heróis fazendo parecer que finalmente o mal venceu o bem e que melhor é ser o bandido que o mocinho.

Afinal, hoje o “crime compensa”; o bandido é quem está sempre em evidência, nas capas de revistas, colunas sociais, frequenta os melhores ambientes, come a melhor comida, veste as melhores roupas, vai à praia de Cancum, Miami, Nova York... e tem a conta bancária sempre gorda e rechonchuda em algum paraíso fiscal. É o bandido quem rir melhor; aliás, rir não, dá gostosisimas gargalhadas enquanto brinda a façanha de escapar ileso celebrando a morosidade da justiça brasileira que como uma lesma se arrasta perdida e cega em meio a tantos processos criminais que não consegue julgar.

Sem ter um herói a quem recorrer, saudosos de tempos de outrora uma parte da humanidade brada o coro “Oh quem poderá nos salvar?”, enquanto nossos jovens buscam com todo afinco se espelhar nos inimigos públicos número um do país. Fernandinho Beira Mar, Maluf, José Genuíno, - Genuíno, que ironia – por onde andará Celso Pita? Ah! Maurino Magalhães! Dê cá um abraço. Serão estes discípulos de Macunaíma? O herói sem caráter? Quantos ainda surgirão? E quem poderá nos salvar? Joaquim Barbosa? Não sei, alguém sabe?

Wilsomar dos Santos