Ela vezes eu ao quadrado

Ela é a mulher. Eu sou o homem.

Ela não finge o que não é como as outras. Ela depende de mim. Gosta que a proteja. Pede por isso. Eu não sou como os outros. Aceito o desafio de provê-la. Não só materialmente, mas principalmente emocionalmente. Não fujo da raia. Realizo-me com isso.

Ela é delicada. Típica mulherzinha. Não gosta de fazer força e nem de suar. Eu sou homem, ora. Não preciso explicar detalhes. Não gosto de ser tocado por semelhantes e nem receber elogios dos mesmos.

Ela é uma dama. É discreta. Não gosta de sair por aí atraindo olhares. Aprecia ser contemplada em mistério. Eu sou seu cavalheiro. Mesmo escondendo deixo claro que a contemplo.

Ela é linda. Eu nem tanto. Ninguém se veste como ela, mas bem que todas gostariam. Ninguém se veste como eu e, a princípio, ninguém deseja isto.

Ela é fantástica. Eu sou normal. O que é bom. Ela brilha. Eu reflito. Satisfaço-me com isto.

Ela não age sobre pressão. Perde-se toda. Eu vivo sobre pressão. Do trabalho, dos amigos e, principalmente, de fazê-la feliz.

Ela ama shopping. Eu nem tanto. Ela é do Iguatemi. Eu sou do Praia de Belas.

Eu amo o centro. Ela nem tanto. Eu sou da Casa de Cultura Mário Quintana e do Mercado Público. Ela é da Esquina Democrática.

Ambos são aficionados pela cidade.

Ela gosta de falar. Eu gosto de ouvi-la. Não importa o tempo. Por mim ela poderia falar sem parar. É a prova de que está feliz ao meu lado e que confia em mim. Eu não gosto de falar. Posso ficar em silêncio o tempo que for necessário. Mas me torno uma matraca perto dela. Ao menos na vontade.

Ela não vive sem música. Alguma coisa precisa estar tocando. Nem que seja a televisão. Eu não vivo sem filmes. Preciso assistir pelo menos a um filme novo a cada semana. As músicas que eu gosto ela repudia. Os filmes que ela gosta eu abomino.

Eu amo ler. Ela detesta. Eu adoro Machado, Bukowski, Lewis, Verissimo e Carpinejar. Ela prefere as revistas femininas.

Ela é mais de uma mulher em um corpo só. Não tolera obviedade. Procura sempre inovar. Eu sou apenas eu. Um amante da rotina. Tudo pode ficar como está.

Ela chora. Eu seco minhas lágrimas sem ela ver para enxugar as suas. Ela se desespera. Eu a acalmo. Vai ficar tudo bem, eu digo. E fica. Sempre fica.

Quando fico incomodado com alguma coisa que ela tenha feito ou dito não consigo me magoar. Ela me ganha facilzinho. Olha nos meus olhos como seu olhar melancólico e arrependido e sussurra como se fosse uma menininha:

- Dicupa.

- Desculpar o quê? – respondo com um sorriso nos lábio já tendo esquecido tudo que aconteceu.

Ela canta Sandy em minha homenagem: Se a saudade apertar procure no céu, pois a estrela que mais brilhar, esta será o meu olhar. Eu canto Rodox em sua homenagem: Das flores que eu olhei você é a mais perfeita que eu já vi.

Ela prefere Renault. Eu prefiro Chevrolet. Ela gosta de judô. Eu sou mais futebol. Ela é colorada. Eu sou gremista.

Ela ama ser brasileira. Eu tenho orgulho de ser gaúcho. Ela aprecia a língua inglesa. Eu a espanhola.

Ela cheira bem naturalmente. Eu apenas com o auxilio de produtos estéticos. Ela dorme coberta não importa a temperatura. Eu também.

Ela quer ter um filho. Eu quero ter uma filha.

Eu, mais ela, mais uma filha e mais um filho forma uma boa equação.

O resultado é: nós. Uma família.

Eduardo Dorneles
Enviado por Eduardo Dorneles em 22/01/2013
Código do texto: T4099211
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