Física e Metafísica.

Um assunto que causa grande polêmica quando discutido é a questão da existência da realidade física e da realidade metafísica. Quanto à existência de objetos físicos não há muita discussão porque esses são facilmente mostrados e evidenciados, e ninguém discute a existência daquilo que é acessado pelos sentidos e aprovado pelo crivo da razão. O conhecimento dos objetos físicos é obtido através de uma investigação empírica e pode ser facilmente demonstrado e apreendido por qualquer semelhante que esteja com sua faculdade racional salutar.

A discussão e não raros desentendimentos se dão na existência dos seres metafísicos. É nesta esfera que reside o problema. Problema que na verdade não se apresenta como problema para os adeptos do conhecimento empírico. Estes acreditam que só através da ciência é possível conhecer algo, e se o objeto não for acessado pelos sentidos e atestado pelo crivo da razão não existem. Entretanto, os adeptos do cientificismo afirmam a existência do infinito e ao que me consta o infinito não pode ser acessado pelos sentidos, logo se trata de um ente metafísico.

Do outro lado estão aqueles que acreditam na existência de seres metafísicos, que não tem a menor dúvida quanto à existência destes seres porque já tiveram alguma experiência que os evidenciou a existência de tais seres. Porém, esta experiência não se dá do mesmo modo que a experiência científica, logo, não é demonstrável. Este tipo de experiência acontece quando algo se revela ao sujeito, que passa a ter a consciência da existência deste algo, e só pode passar este tipo de conhecimento a outrem na forma de testemunho. Vou dar um exemplo, há tempos atrás em um determinado dia eu desci do ônibus aproximadamente as 20:30h, e logo que desci algo me disse “Fulana vai na tua casa”. Parecia uma voz embora ausente de som. Estranhei porque não conhecia a tal Fulana que ia à minha casa. Estou omitindo os nomes propositadamente para não expor ninguém. Tal aviso ficou na minha cabeça. Cheguei em casa e fui jantar e, uns quinze minutos depois Beltrana chegou dizendo que Fulana dera uma carona para ela e a trouxera até a minha casa.

Sei que alguns podem achar isto coincidência, hipótese que eu não acredito. Deste meu testemunho evidenciam-se algumas questões. Como é que este algo sabia que Fulana ia à minha casa? Como não sou advinho não poderia saber e, é óbvio que este algo era uma consciência exterior a minha consciência, dito de outro modo, este algo era uma consciência diferente da minha consciência. Outra questão que se coloca é a seguinte: Como que este algo me avisou de um fato que aconteceu aproximadamente quinze minutos depois. Para isto ser possível é preciso que este algo não seja limitado pelo tempo. Pergunto a você caro leitor se por acaso é capaz de dizer o que acontecerá daqui a quinze minutos? Tive outras experiências, porém, como se trata de testemunho creio que um só é suficiente.

Dias atrás assisti a uma entrevista com Chico Buarque de Holanda no youtube. Parece-me que era para a Globo News. Lá pelas tantas, a Sandra Annemberg perguntou ao Chico se ele acreditava em Deus. Chico disse que acreditava em uma força maior porque o artista tem que lidar com estas questões metafísicas. Creio que o que ele quis dizer refere-se à inspiração. O artista sabe que tem criações suas que parece que nem foi ele que fez, parece que ele foi apenas um instrumento na criação da obra. A inspiração aparece e em pouco tempo a obra está pronta. João Nogueira, sambista já falecido, fala em seu samba Poder da Criação desta força que estou falando. Diz ele “é uma luz que chega de repente... faz pensar que existe uma força maior que nos guia, e o poeta se deixa levar por essa magia e um verso vem vindo e vem vindo uma melodia...”. O poeta sabe quando a sua obra é produto do seu trabalho poético e quando a obra é inspirada. Quando é inspirada ela nasce pronta e o encanto que provoca nos leitores é sempre maior do que uma obra feita somente com o suor do poeta.

Poderia citar diversos testemunhos ligados à religião, porque as conversões acontecem quando algo é revelado e faz o convertido mudar sua postura de vida. Entretanto, creio que não é necessário porque iria alongar o texto.

O que quis evidenciar com este texto é a minha crença e também a de muitos na existência de seres metafísicos. Creio que limitar o conhecimento humano ao conhecimento científico apenas é empobrecer a capacidade cognitiva do homem. É óbvio que o sujeito somente poderá ter certeza da existência de seres metafísicos quando tiver uma experiência deste tipo ou acreditar no testemunho de outrem. Não tenho a menor pretensão de convencer ninguém de minhas assertivas, apenas quis dar a minha contribuição para a discussão de assunto tão polêmico.