Casei-me com uma torcedora do time rival
Escrevi essa crônica em 2007 para o site do Fortaleza Esporte Clube, meu time de coração. Estou publicando aqui no Recanto e, se tudo der certo, quem assistir ao Globo Esporte no dia 28/01/2013 entenderá.
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Quem viu o Croinha jogar? Eu vi. Na década de 60 eu já freqüentava os estádios e foi ai que meu coração se tornou eternamente tricolor. Posso dizer com toda propriedade “sou leão desde menino”. Acompanhei o time em várias épocas. Vi o zagueiros Zé Paulo e Renato jogarem, vibrei muito com os gols de Marciano e Geraldino Saravá e tantos outros inesquecíveis craques do passado. Ainda hoje ocupo algumas horas da do meu dia pesando no meu querido time. Não tenham dúvidas, sou torcedor fiel do Leão do Pici, mas... me casei com uma torcedora do time rival.
Preciso explicar como tudo isso aconteceu, dêem-me essa chance, embora eu tema não ser bem compreendido. Essas coisas de paixão, romantismo, amor num site de futebol parecem ser meio esquisito – ou não? – mas já que me expus desde o titulo dessa crônica permitam-me continuar: Quando conheci minha esposa eu sabia que ela torcia pro time de Porangabuçu, mas não consegui resistir aos seus encantos pessoais. Sabe como é, ela era (e ainda é) linda demais, como poderia resistir a uma demanda tão forte do coração? Aquele rostinho, aquele sorriso e outros “aquele”, me deixaram irremediavelmente apaixonado, confesso. Não sei se isso já aconteceu com você também, mas eu não tive culpa gente. Entendam! Não tive culpa. Ninguém manda no coração. Antes de me execrarem, por favor, aqueles que já se apaixonaram, consultem seus próprios corações e me advoguem.
No começo foi muito difícil mesmo. Imaginar que estava apaixonado por uma pessoa maravilhosa que tinha um gosto futebolístico tão...tão...(complete você, eu ainda quero continuar casado). Tentei de tudo para demovê-la do interesse de torcer por um time preto e branco sofredor. Prometi presentes, mostrei fotos históricas do Leão do Parque dos Campeonatos, ia namorar vestido com manto sagrado tricolor. Nada! Um dia eu apelei e, num surto machista, a proibi de torcer por outro time que não fosse o meu. Nada! A baixinha mostrou-me, além da porta da rua, muita personalidade.
Estava chegando perto do momento de casarmos e tive que tomar uma decisão muito forte e, como um bom cristão, resolvi agir da maneira mais nobre que pode existir na face da terra: dei-lhe o meu PERDÃO. Sim, perdão, pois ninguém é perfeito. Ela só tem mesmo esse único defeito na vida, no resto ela é fantástica.
Graças a Deus sou muito bem casado e posso mesmo dizer que sou feliz. Minha esposa é a artista plástica Baby Viana. Sou um fã “suspeito” dos seus quadros, mas posso dizer que os mais lindos quadros que estão pendurados nas paredes da minha existência foram pintados por ela. Entretanto – essa é a parte ruim – carrego o desgosto de nunca podermos ir ao estádio juntos, nunca poder comprar-lhe uma camiseta da TUF, nunca vê-la usando uma simples tiara tricolor. Nunca...nunca... desculpem, minha voz embargou...
Isso é muito triste, mas acredito que há uma possibilidade de mudar, talvez depois que ela ler essas poucas linhas, quem sabe? Vou continuar tentando, quem torce pelo Fortaleza nunca desiste.
Para finalizar, ouçam meu grito varonil neste final de 2007: VOLTA LEÃO PRA PRIMEIRA DIVISÃO!!!!!