A revolta do Poeta!

A revolta do Poeta!

Eta, profissão ingrata a de Poeta! Grita feito Estentor, mas os ouvidos dos que deveriam ouvir estão fechados. Sinto-me, às vezes, um Sísifo, pois, jamais consigo terminar a minha missão. Procuro arregalar os olhos, mas, quem sou eu para ser colírio de alguém? Mas ninguém pode me acusar de ignavo, pois, cotidianamente, dou a minha cara a tapa. Muitos se atreveram a esbofeteá-la, porém, afirmo, jamais alguém conseguiu!

Escrever é se dissecar amiúde, é se colocar a julgamento e ser condenado por aqueles que preferem o breu da ignorância. Sou o que chamam de pedante, presunçoso e daí? Apontar o dedo, cuspir, apedrejar, são as armas de muitos, mas a minha imunidade sempre está em alta e repilo com argumentos indeléveis.

Eta, profissão injusta! O Poeta é um miserável! Não tem nem para viver e ainda distribui suas pérolas. Há quem vá dizer que sou pretensioso com tal afirmação acima. Sou e daí? Nasci para espalhar a desordem e ordenar a balburdia, conflito de ideias que resultarão sempre em idílios. Sonhar é para quem tem asas e não tem medo de voar; para quem salta de estrela em estrela e descansa em quazares; para quem caminha na frente e atravessa o futuro. Contudo, mesmo voando pela vida, não consigo ultrapassar verdades estabelecidas por discursos viciados, falaciosos e com intenções escusas. Busco a libertação da escravidão da subserviência, mas os algozes e seus sequazes mantêm o cabresto apertado e não se libertam e nem deixam ninguém se libertar. É o cárcere do parvo!

Eta, profissão lancinante! Esquartejo-me e me exponho em praça pública, espalho minhas vísceras e minha ideologia, todavia, juntam meus cacos e jogam minhas palavras no silêncio sepulcral. Contudo, vociferarei sempre!

Profissão iluminada! Aqueles que querem me ver calado são os mesmos que alimentam minha loucura. Loucura sim! A palavra abençoa os loucos e expurga o lúcido. Foi ela quem me fez pedante e arrogante, me deu gosto e desgosto, por isso, a difundo sempre, e, deixo o lúcido engolir meu vômito com cara feia. Um dia as pedras me atingirão, por enquanto, estão apenas apanhando-as! A guerra contra a estupidez está apenas no início, mas já há sangue derramado.

Mário paternostro