ANJOS DE SAMPA
A ideia surgiu do amigo Marcelinho durante uma reunião numa churrascaria na Vila Maria baixa.
Entre vários pedaços de carnes assadas o querido amigo sugeriu que talvez fosse muito gratificante ajudar alguns moradores de rua, fornecendo roupas e comida para este pessoal que tanto necessita de comida, carinho e atenção.
Marcamos um novo encontro e imediatamente colocamos na rede social (Face book) que estávamos arrecadando roupas de todos os tipos e mantimentos para darmos aos moradores de rua e na primeira semana de janeiro as primeiras roupas e mantimentos começaram a ser arrecadadas e ficavam armazenadas no meu quarto, que seria a central de armazenamento das roupas e mantimentos.
A semana foi passando e a Rosana, tia do Marcelinho disse que poderia preparar as marmitex e assim os alimentos também começaram a chegar: Arroz, feijão, óleo e todos os tipos de alimentos que seriam utilizados para o preparo das marmitex.
Tínhamos definido um dia para sair e entregar as roupas e as marmitex para o pessoal morador de rua: seria: 17 de janeiro de 2.013.
Lá pelas sete horas da noite, distribuímos todas as roupas pelos dez carros que comporia a caravana da solidariedade e fomos pegar as marmitex na casa da Rosana no Jardim Brasil e assim que tudo estava arrumado, lá pelas dez horas da noite, rumamos muito feliz para o metrô Santana para entregar as primeiras marmitex e roupas. Paramos os carros e imediatamente o pessoal moradores de rua começaram acanhadamente a chegar e escolher algumas peças de roupas e receber a marmitex. Agradeciam e saiam humildemente e iam sentar-se num canto qualquer para comer a única refeição do dia, com a cabeça baixa e olhares perdidos na imensidão de pessoas que passavam rapidamente sem olhar pra ninguém.
Num determinado instante quando eu estava parado distribuindo as marmitex para o pessoal, apareceu um rapaz e após receber a comida disse:
- O Du, você não se lembra de mim não?
Um pouco envergonhado em não reconhecer o rapaz disse:
- Você me desculpa amigo, mas não estou reconhecendo você não!
Ele com os olhos cheio de lágrimas disse:
- Pois é amigão, estudamos juntos, éramos colegas de classe, lembra-se?
Após alguns minutos tentando lembrar-me do rapaz, consegui recordar e dei um fraterno abraço no querido amigo da escola e ele contou-me como tinha ido parar na rua e aquilo me deixou muito triste e emocionado, mas continuamos nosso caminho e fomos até o Mercadão Municipal e lá entregamos mais algumas marmitex e seguimos direto para Praça da Sé, onde existem muitas pessoas em condição de morador de rua.
Chegamos à Praça da Sé, sob uma linda lua que iluminava toda a praça e todo o nosso trabalho de ajudar o próximo e paramos os carros ao lado da catedral da Sé e anunciamos que tinha muitas marmitex pra todos e foi um corre corre danado e logo se formou uma grande fila para retirar os marmitex que foram consumidas em menos de uma hora. Pegavam as marmitex e sentavam-se nos bancos da Praça e ficavam comendo humildemente foi quando chegou uma garota que estava com uma enorme barriga e disse que queria uma marmitex e eu disse:
- Querida, sinto muito, todas as marmitex foram distribuídas e não restou nenhuma.
Imediatamente um morador de rua apresentando muita fome deu a sua marmitex para a garota grávida e disse:
- Olha moça, pode comer a minha marmitex, afinal você está grávida e necessita dar comida para o seu filhinho, depois eu me viro.
Aquele gesto cortou meu coração, meti a mão no bolso e dei um dinheiro para o morador de rua comer um marmitex num restaurante da Praça.
A alegria de ver todo aquele pessoal comendo e escolhendo algumas roupas nos carros é indescritível e assim que todas as marmitex acabaram pedimos a todos que déssemos as mãos e orássemos o Pai Nosso e agradecêssemos a Deus aquele momento maravilhoso.
Uma grande roda de pessoas que receberam a comida e as roupas foi formada na Praça entre nós participantes e assim que a oração terminou, um participante morador de rua pedia a palavra e disse:
“Em uma roda de oração se abrirmos os olhos e olharmos para o lado veremos que somos todos iguais perante a Deus”.
Os carros foram ligados e estávamos saindo da praça foi quando ouvimos de um morador de rua: “Se existe Deus de milagre, faz meu milagre acontecer”.
Lentamente os carros foram saindo da Praça da Sé e fiquei em grande silêncio agradecendo a Deus por participar deste ato de solidariedade que com certeza foi abençoado por Deus.
Ainda tivemos tempo de parar na Padaria Rossi na Vila Maria baixa para comermos alguns lanches e agradecer a Deus mais uma vez este lindo ato de amor ao próximo.
Agradeço de coração a todos que partiparam deste ato de amor a todos os moradores de rua que foram: Leonardo Martins, Milla, Fernanda, Diego, João, Marcelinho, Serjão, Nino, Volnei, Felipe, Rosana (nossa querida cozinheira), a namorada do Felipe, a sobrinha do Felipe, Carine, Matias, Rebelde e a todos que forneceram roupas e direta ou indiretamente ajudaram a amenizar a dor deste pessoal tão necessitado que são os moradores de rua. Deus abençoe a todos! Muito Obrigado!
Carlos Eduardo Martins de Aquino (Du)