Objetos inquebráveis


Um amigo do meu pai tinha o apelido de Zezinho das Novidades. Diziam que desde mocinho ele andava a cata de objetos recém-lançados e se orgulhava de ser dos primeiros a possui-los. Quando apareceram copos de vidro inquebrável fomos convidados a ir à sua casa ver a demonstração anunciada. Depois de exibir um exemplar aos amigos e familiares ali presentes, ele se dirigiu ao andar de cima com o copo na mão e de lá deixou que ele rolasse escada abaixo. Para surpresa geral o copo chegou ao térreo em perfeito estado. Algum tempo depois por toda parte havia desses copos canelados, inclusive em nossa casa. Só que não duraram eternamente, um dia se acabaram. Não sei se quebrados ou não.

 Lembro bem que naquele dia da demonstração mamãe contou a história da dentadura da minha avó. Disse ela que o dentista ao mostrar a prótese que vovó ia usar, enfatizou que o produto era muito resistente, de primeiríssima qualidade, não se quebraria à toa. E para confirmar, jogou-a no chão. Pagou o maior mico. Ela se espatifou fazendo com que dentinhos voassem pra todo lado. Além do mico, o homem teve que pagar também outra dentadura.


Sempre que penso nisso, fico a imaginar minha avó se contorcendo na cadeira do consultório e depois, já em casa, rindo do dentista com as gengivas à mostra, sem nenhum dente na boca...