E AÍ ZÉ, CRESCEU NA MASSA?

Da "massificada" fatia que nos cabe do bolo nosso de cada dia...

(dedico este texto aos inspiradores anônimos do meu entorno)

Seria pouco criativo aqui começar minha crônica de hoje com uma informação para lá de redundante, a de que O MUNDO MUDOU,

já que dizem os doutos do assunto "mudanças" que ando em crise de criação e de aceitação a mudar.

Mas como costumo acreditar no potencial criativo do meu mundo a maquiar todos os demais... então, para então recriar velhas mudanças, claro, vou me reinventar num novo mundo e declarar que o mundo mudou sim...ara, e como mudou, mudou muito!

Ouvimos das tais mudanças a toda hora, o nosso mundo mudou, que demais, as pessoas do nosso e de todos os outros mundos mudaram, nossos avós já nos alertavam das perenes mudanças, mudou o mundo deles, já mudou o nosso mundo e o dos nossos filhos, e muito brevemente mudará o mundo dos nossos netos, não só o mundo muda, como todas as coisas dele, embora tudo permaneça quase exatamente igual nas tantas diferentes mudanças.

Eu confesso com toda a pouca criatividade daquele meu mundo dantes pouco mudado: eu comemoro quando a mudança é para "igual!".

Será que consegui ao menos mudar para algo... confusamente diferente?

Enfim, mudam os usos...e mudam os costumes dos usos já mudados.

Aliás, o mundo até já mudou na última fração de segundo quando desta minha exclamação: mudar é fashion! E ai!- de quem se negar às mudanças, até do que é pétreo!

Eu me declaro, então, aberta a todas elas, mas peço licença para recriá-las no meu mundo agora sim já bem diferente, porque pensar já não significa mais criar. Entenderam?

Inclusive, dizem que a única certeza da vida é de que tudo vai mudar, nem que seja por decreto dos mesmo gabinetes "nadinha" mudados para diferente.

E vocês, me aguentem aí sem mudar, que logo vão me entender em tese de mudança.

Todavia, também dizem que a nossa sociedade também já mudou muito, cresceu nos índices globalizados do mundo que, de fato, cresceu em tudo! Aonde?

Por aqui, política e socialmente falando, dentro do igual "politicamente" correto de sempre, mudamos porque crescemos junto com o mundo mudado, não resta dúvida , mas certo é que não basta apenas crescer, porque, como dona de casa, às vezes percebo que "fermento desproporcional ao trabalho da massa...desanda o bolo".

Antes que eu prossiga, já patenteio meus direitos autorais pelo ditado que acabei de criar e nele vou para uma analogia social.

Viva, acho que me sentenciei da minha falta de criatividade. Vamos lá:

Por falar em massa..quem de nós nunca fez um bolo?

Juntamos os ingredientes, batemos a massa e colocamos o fermento.

Assim ficamos radiantes quando, ao espiar a massa lá no forno quentinho, vemos aquele bolo crescendo e mudando ...e mudando e crescendo, e cresce, e muda, e muda, e cresce...até que conseguimos salivar de contentamento e de apetite.

Hoje em dia até os vizinhos salivam pelo cheirinho do nosso bolo...inclusive os vizinhos do nosso mundo bem mudado.

De repente, esfriado o bolão, a massa mingua e tudo se transforma num bolinho.

O bolo mudou! Viva a mudança!

Ops, por acaso alguém comemora a mudança da tal fatia insípida duma massa minguada, pouco substanciosa?

Daí culpamos o fermento, não é assim? Ou porque estava de menos, ou porque estava vencido...mas na realidade, a massa não estava preparada para crescer no seu habitat adequado.

Alguém teria aí a receita dum bolo de "como aceitar mudar para pior"?

Esqueçam!

Se alguém souber do tal milagre gastronômico, manda só uma fatiazinha pra mim, combinado?

Porque por enquanto apenas degusto a fatia que nos cabe desta grande massa que cresce sem ingredientes indispensáveis para se fazer um grande bolo, o das mudanças prioritárias e essenciais.

Volto ao meu Zé ...aos tantos Zés de todos os dias.

E aí Zé, a massa já cresceu...e você, já cresceu na massa?

***

Incrível NOTA inesperada e muito figurativa:

Enquanto eu escrevia essa minha crônica, eu assava um bolo no forno elétrico. Quando eu acabava de escrevê-la acabou a energia do bairro, como sempre acaba por aqui...sem mudanças alguma.

Eu não havia salvado o texto. Perdi o escrito e o meu bolo mingou. Estava eu ilustrativamente desenergizada na minha crônica de massa crescida. Fiquei muito brava!

Mas...

Reescrevi o meu texto e refiz o meu bolo.

Quantas vezes nossa resiliência supera nossa força de criar e recriar a rogar por mudanças do entorno...bem mais criativas e prioritárias.

Criatividade inquestionável é fazer de todos os nossos limões uma inédita e surpreendente limonada...