O bem dos maus
Um policial militar morreu após ser baleado por outro PM, na madrugada desta sexta-feira (18) na cidade de Rondonópolis, a 218 quilômetros de Cuiabá. De acordo com informações da Polícia Militar, um dos PMs tinha voltado de viagem, foi até a casa do amigo e tentou passar um trote nele, simulando um assalto. O colega achou que era verdade e disparou pelo menos duas vezes contra o amigo que estava de capacete em uma motocicleta. (G1 MT)
Quando se julga determinada ação que resulta em morte, por exemplo, a primeira verificação é se houve dolo ou não. Caso não haja a má intenção, se qualifica apenas como homicídio culposo, sem intenção, o que atenua, quando não, elimina a pena. Notório no triste incidente acima citado, que não houve má fé; afinal, eram amigos os dois policiais envolvidos.
Mesmo não tendo intenção de fazer mal, a vítima foi inconsequente, o que, lhe custou a vida. O que ele intentou foi dar um susto e depois, se divertir à custa do amigo, mas as coisas saíram de modo diverso. Mesmo buscando algo inocente, bem humorado, ele deu azo à própria morte.
Isso me levou a pensar; alguém busca o mal em si, ou, o pratica em vista de algum “bem” que vislumbra anexo? Quem adultera, por exemplo, o faz para que o ( a) traído sofra, ou pelo prazer que sente? Quem rouba, visa privar o dono de um bem, ou, auferir seu valor para si? Mesmo quem se vinga, não seria o “bem” da sensação de justiça, o alvo, antes que a privação da vida de outrem? Ouso afirmar que, pessoas minimamente saudáveis, no gozo de suas faculdades, não buscam jamais o mal, pelo mal; antes, agem assim em face de algo que lhes parece bem, ainda que, ao crivo de melhor análise, resulte insano.
Mesmo os partidários de comportamentos sexuais diversos dos ditames naturais, evocam em sua defesa um bem; a liberdade. Outros por questão de consciência; espiritual, se abstêm disso; seriam os “caretas” enquanto os primeiros, os “liberais”.
Assim, os que fazem o que dá a vontade a despeito de preceitos Bíblicos buscam o “bem” do prazer, da liberdade de fazer o que quiserem; Os outros, o de estarem ajustes com suas crenças, consciências... de modo que, a busca do bem, parece universal, embora destoem as definições precisas do que ele seja.
Se Deus e Sua Palavra contam, certas coisas são pecado, e “O salário do pecado é a morte”; senão, alguns milhões de pessoa no planeta, privam-se de prazeres desnecessariamente.
Deparamos inevitavelmente na questão: Há valores absolutos, ou tudo é relativo? Se for relativo, quem poderá acusar a busca de um “bem” ainda que a vingança, de errado? Todavia se Deus, o Absoluto, existe mesmo, e conta, aqueles que amputam os membros doentios de suas almas, não estarão fazendo isso precisamente em busca do bem maior? Estariam assim, aceitando certa medida de “mal” para, no fim das contas, estarem livres do mal para sempre.
Sobre a renúncia dos prazeres naturais em busca da salvação, Jim Elliot, definiu assim: “Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter, em troca de algo que não pode perder.” (Citado por Dave Hunt em A sedução do Cristianismo)
Desse modo, se pode acusar do que quiser aos que temem a Deus; fanáticos, obscurantistas, medievais, etc...; mas, jamais, de inconsequentes. Como vimos no caso de Rondonópolis, mesmo uma brincadeira inconsequente foi fatal.
Aliás, Salomão, o sábio desaconselhou certas brincadeiras; “Como o louco que solta faíscas, flechas, e mortandades, assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira.” Pv 26; 18 e 19
Não brinquemos com nossas vidas, pois, menos ainda com a de terceiros. Muitos, em nome do direito de fazer o que querem, foram privados da possibilidade de querer algo mais, morrendo antes do tempo; a liberdade que tanto buscaram se revelou a corda que os aprisionou de vez. Sempre oportuno lembrar a insuperável frase de Neruda: “Você é senhor de suas escolhas, e escravo das consequências”