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O SUPERLATIVO DO DIMINUTIVO – Crônica do dia-a-dia

 
Não, não era uma situação de penúria, sequer de pequena escassez. Tratava-se tão somente de caprichos infantis! Crianças imbuem-se de certo sentimento rigoroso de posse, levando-as a reclamar, insistentes, quaisquer ninharias em seu poder. E debatem e reclamam e brigam. Nem se importam se à nossa frente.
--- Ora garoto, deixe de reclamar por essa tutameia de merda! Gritava Ivan a seu irmão caçula, Zé Luiz.
--- Tutameia?!!! Agora é tutameia de merda, não é? Depois que você comeu tudo, não é, seu mané!  Rebatia furioso o menor.
--- Sim!... Coisiquinha de nada! ... Um mijiquim de nada, coisinha que mal coube no buraco do meu dente, tá?
--- Pai (o menor busca apoio no genitor), ele agora diz isso, mas não era nenhuma miuçaia ou coisica como ele diz não, pai!... Era coisa grande, sim!
--- Mentira, pai (retruca o mais velho), era um tiquinho só, um tadiquinho, coisíssima de nada... nem deu pra mastigar!
--- Mas era meu! Que fosse um tadiquinho como você disse! Um tarequinho, uma coisica, uma tutameia, uma miuçaia, um cadiquinho de nada... você não tinha o direito de comê-lo, tinha?
--- Olha aqui, garoto, quer saber de uma coisa? O valor disso é nada, tá bom!  Aquilo era uma picirica de nada, uma pinoia,...  pronto!
--- Paaai!!! 
De observador, pus-me em frente aos dois, explicando-lhes que a questão não se resume simplesmente no fato de ser pequenas coisas ou de pouca monta, mas no respeito da coisa própria, no respeito da propriedade de outrem, seja no valor ou tamanho do bem, há que respeitar a coisa alheia. Foi mais ou menos isso.
Dizem que em briga de marido e mulher não se mete a colher; com os filhos, não, a colher tem de estar sempre separando, temperando-lhes os ânimos, resfriando...
 
moura vieira
Enviado por moura vieira em 19/01/2013
Reeditado em 15/07/2021
Código do texto: T4093349
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