COMO É FÁCIL SER SOLIDÁRIO E FAZER UM MUNDO MELHOR

Quando terminei minha faculdade de Direito imaginei como poderia ser minha vida como profissional. Lembro-me que uma das coisas que mais pensei, foi na grande quantidade de dinheiro que poderia ganhar utilizando meus conhecimentos jurídicos.

O entusiasmo de um recém formado, associado aos fatos históricos contemporâneos que sempre contemplaram os advogados como verdadeiros protagonistas da política nacional e, a ansiedade de ingressar na carreira jurídica e freqüentar os corredores dos fóruns e tribunais, fez-me capaz de ver apenas o lado “glamuroso” da profissão.

Mas o dia-a-dia é muito diferente. O tão sonhado dinheiro, “troféu” da realização profissional, está a cada dia mais escasso entre os clientes em potencial, ou seja, a população. Essa escassez de dinheiro acaba refletindo de forma direta na hora de cobrar os honorários profissionais, afinal a cada dia que passa a população está cada vez mais empobrecida, mais triste e o que é pior sem esperanças.

As dificuldades são grandes e na maior parte das vezes, somos expectadores vivos de pessoas mal humoradas tratando seus semelhantes com descaso, pouco se importando com seus problemas para não dizer de alguns que ainda conseguem de forma bruta e desrespeitosa humilhar aquele que necessita de algum tipo de ajuda.

Minha vivência, que não é muita se comparada com profissionais de maior tempo de advocacia, tem me feito ver algumas pessoas, que prestam atendimento ao publico, tratar seus semelhantes com descaso utilizando-se apenas da objetividade de informações e fazendo apenas aquilo que objetivamente tem que ser feito. Tal comportamento fere sobremaneira a regra básica de se viver bem num mundo melhor: A SOLIDARIEDADE.

Tenho a relatar um fato que certamente demonstrará o que é a solidariedade humana e como é fácil praticá-la: Recebi em meu singelo escritório, a visita de uma jovem mãe desesperada quase em prantos, que veio da cidade de Sumaré em busca de uma esperança para seu problema. Sua filha recém nascida, aliás, uma criança linda e cheia de vida, foi vítima de uma negligência médica. No momento em que esta pequena criatura abria os olhos para a vida, foi recebida em nosso mundo por médicos, talvez inexperientes, que fizeram seu parto a fórceps e conseguiram fraturar seu pequeno crânio, causando-lhe uma fratura que resultou em um edema de grande volume acima de seu supercílio esquerdo.

Percebi que uma ação judicial indenizatória seria um caminho jurídico a ser seguido na busca de uma compensação econômica, em virtude dos danos estéticos e também pelo risco de comprometimento do sistema neurológico da infante, podendo lhe deixar seqüelas de caráter permanente.

Uma ação indenizatória com enormes chances de procedência, certamente me traria além da realização profissional a conquista de mais um “troféu”. Mas ao ver aquela criança, ao perceber o desespero daquela jovem mãe, economicamente hipossuficiente, peregrinando de consultório em consultório na busca de um parecer médico definitivo para a solução daquele trágico e comovente problema, percebi que poderia tentar lhe fazer alguma coisa a mais.

Como num estalo me veio à lembrança um nome: Dr. Nubor Facure. Não o conheço pessoalmente, porém sei que é um profissional de altíssima competência e de reconhecimento nacional. Trata-se de um dos melhores neurocirurgiões do país. Sabendo da situação de dificuldades da mãe desta pobre e tão sofredora criança, arrisquei um telefonema ao seu consultório. Falei com sua esposa a Sra. Lourdes que foi extremamente receptiva e sensível ao problema e pediu que a criança fosse levada no mesmo dia aos olhos do Dr. Nubor para que ele a examinasse.

Ao desligar o telefone e dar esta notícia àquela jovem mãe, pude ver estampado em seu rosto uma esperança enorme na solução do problema de sua filha, abriu-se naquele momento um sorriso em meio aquele olhar triste, que me fez feliz e dono de uma enorme sensação de realização que há muito não sentia.

Este relato me faz ver que neste mundo ainda existem pessoas que nutrem sentimentos de carinho e respeito pelo ser humano. Existem pessoas como a Sra. Lourdes e seu digníssimo marido Dr. Nubor que acima de tudo amam os seres humanos e estão muito mais preocupados em fazer o bem aos que podem e aos que, por infortúnio, não podem pagar para uma consulta médica do que com o dinheiro.

Externo aqui meus agradecimentos aos abnegados profissionais Sra. Lourdes e Dr. Nubor Facure, apesar de não conhece-los pessoalmente, e quem sabe esse singelo relato desse grande exemplo, possa estimular mais e mais pessoas a agirem desta forma altruísta. Acredito que se todos nós agíssemos dessa forma, imbuídos do mais lídimo sentimento de solidariedade e bondade, estaremos construindo um mundo melhor para nossos descendentes!

Luis Cesar Barão
Enviado por Luis Cesar Barão em 17/01/2013
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