A prisão das escolhas
A prisão das escolhas
O homem não caminha pela vida sozinho! Seus passos são acompanhados de perto pelo sim e pelo não; pelo bem e pelo mal; por isso ou por aquilo (...). A escolha é a companhia que o persegue por toda a vida.
O homem é um ser abarrotado de dúvidas e, até mesmo, quando a certeza lhe domina, ela padece da verdade. Quanto mais se caminha pela vida, quanto mais se vive, mais e mais o ser homem é preenchido por suas escolhas.
A escolha entre o saciar e sublimar é dolorosa; acreditar e negar não é fácil como parece. As escolhas limitam o caminho e estreitam a estrada; há um julgamento e uma condenação e cabe somente à vida dar a sentença.
A vida tem um contrato feito às escuras, no qual o homem não pode trilhar duas estradas ao mesmo tempo: ou direita ou esquerda, o caminho do meio não é rota.
A todo tempo o mundo impõe o gabarito das respostas e a escolha obriga sempre a uma ação. O sim pode condenar o não e vice-versa. A resposta certa, nem mesmo, o livro da existência escrito por uma verdade impositiva, tem. O mal e o bem necessitam coexistir, assim como o macho e a fêmea. O equilíbrio está no desequilíbrio da ordem, é essa incongruência que mantém a estabilidade da vida. A existência depende da dicotomia, servindo simplesmente aos interesses ainda escusos à sabedoria humana. É o homem obrigado a escolher para existir.
A verdade, se é que há verdade, um homem tem as suas opções, mas jamais saberá o que é o certo e o errado. Portanto, o mundo no qual ele está inserido é que o julgará por tal escolha. É clara a submissão do homem às decisões.
O homem é limitado, é castrado e acomoda-se na vida, pois as escolhas são como sombras, o seguem e vão moldando o mundo, na qual se vive para responder o questionário da existência. Seguir por ali, nem sempre chegará lá, sendo assim, o caminho é um escuro túnel, pelo qual se atravessa tateando, sem a certeza de que foi a melhor decisão.
Ao homem cabe decidir sempre, ele tem as suas opções, mas, preso em escolhas que não passam de uma mera forma de responder a um parco desejo de liberdade.
Percebe-se, então, que a vida se resume apenas em dois caminhos, e que o homem escolhe sempre aquele que melhor lhe convier, respondendo aos seus anseios e desejos. E assim, a vida pergunta, a morte responde e o homem, escravo de ambas, obedece a suas imposições. Mas, o que o homem não percebeu, é que a vida e a morte passam pelas suas escolhas, sendo assim, elas não determinam, obedecem.
Mário Paternostro