ACHEI MELHOR NÃO PÔR TÍTULO
Desespero, correria, mãos trêmulas e pernas bambas. Tudo girando. Pessoas vindo na direção contrária aumentando ainda mais a aflição e o medo de não dar tempo. - Ai meu Deus, vai escorrer pelas pernas! É sempre bom ler toda a ideia, não é mesmo? No início parecia o juízo final, alguma coisa relacionada ao fim do mundo, mas na conclusão percebemos que a situação pode até ser comparada ao apocalipse, porém não é.
Coisa triste quando dá aquela vontade... Como posso dizer? Dependendo da expressão que usar aqui pode ser que o texto fique sujo e pesado. Sendo assim, lavo minhas mãos, entenda como quiser, porque na verdade só quero que se identifique com a situação, pois se ainda não passou por uma similar, não tenha dúvida de que vai passar. Disenteria é de doer, digo também no sentido literal. Isso já aconteceu comigo sim senhor, mas neste momento, narro o que aconteceu com alguém próximo, digamos assim.
Cá entre nós, existe alegria maior do que chegar ao banheiro e achá-lo livre? De preferência que não tenha ninguém nas imediações. É, mas essa alegria passageira é substituída por um enorme desconforto ao tentar sumir com tudo, apertando a descarga por várias vezes e ver tudo transbordar. Que raciocínio rápido o seu! Banheiro entupido, isso mesmo. E agora? Imagine tudo isso num banheiro público onde as portas têm quase um palmo de altura do chão e os pés ficam à mostra pra quem quiser ver, e do nada você percebe que já não está mais só. Vemos os pés de quem passa e vice-versa. Ainda bem que são somente os pés.
Dessa forma, o jeito é aguardar até que fique solitário novamente, e então: o silêncio paira no local. - Acho que dá pra sair sem que ninguém veja. Vai pensando que é tão fácil assim. Mas não custa arriscar, mesmo que geralmente essas tentativas são frustradas, e essa não foi diferente, uma senhora que cuida da limpeza comprovou sua presença todo o tempo perguntando e respondendo: “está tudo bem? Já vi que não.”. - Não sei o que seria pior: a senhora ficar quieta ou se pronunciar? Uma risadinha amarela da mesma cor do sanitário foi a resposta. Entendeu neh? Enfim, após todo esse apuro, a única opção foi a de ir embora na mesma velocidade com que viera sem olhar para trás e torcer para nunca mais encontrar a senhora da limpeza.