... O TEMPO
...O TEMPO
(Crônica de Carlos Freitas)
Poderemos encontrá-los protegidos por míseras embalagens, ou, em riquíssimas redomas de ouro, prata, brilhantes, ou ainda, livres em rebuscadas e caríssimas obras de arte. Falo de relógios... Guardiões do Tempo! De uma prole maior, vou falar de três desses irmãos que como os outros, neles vivem, habitam. Eles são frios, implacáveis, insensíveis, irredutíveis, céleres e pontuais, porém, maleáveis. Sua importância é vital para nossa existência. Cada um com sua pressa, trilhando pelo mesmo caminho, no mesmo ritmo, nos permitindo no tempo certo chances de escolhas, de julgamentos sem titubeios ou protelações. Não se poderá resgatar o não realizado e inconcluso.
Esses trigêmeos são também conhecidos com Hora, Minuto e Segundo. Seus outros irmãos são completamente alienados, desvairados, loucos, vorazes e alucinados. Raramente admitem erros. São extrema e absurdamente velozes. Não permitem deslizes... São fatais! Deles falarei no final.
Dentre esses mais familiares, o Segundo é o mais apressado. É como se fosse o filho prematuro do Tempo. Quando dele somos presas, urge que sejamos lépidos e definitivos nas decisões, porque num piscar de olhos, poderemos ter perdido o que seria a chance de nossas vidas. A oportunidade de ouro que certamente não mais existirá. Num Segundo, incontáveis ações globais, extremas ou fúteis, benévolas ou malévolas, reversíveis ou não, são concretizadas, discutidas e realizadas nas suas mais claras, obscuras e controversas nuances. Num segundo, eclode-se, ou, cessa-se uma guerra, nasce um gênio, morre outro, perdemos um amor, conquistamos outro. Deixamos de ser felizes, ou, encontramos a real felicidade, seja ela em que intensidade for, nos mesclados segmentos da vida. Num segundo, poderemos ser somente alguém que por aqui passou, deixou sua história, suas marcas. Talvez, nem isso... O tempo não o permitiu...Ou, hesitamos – Ou, fomos relapsos!
O Minuto é mais complacente, porém não menos frenético. Nele se inserem sessenta segundos. Permite reflexões e decisões, com vagar, mas não tolera o vacilo, porque cada piscar de olhos significará um segundo perdido. É o escape dos acomodados, acostumados a dizer sempre aos outros: aguarde só um segundo! Esses se perderão pelos caminhos, pelo tempo ou pelos percalços.
A Hora, simbolicamente, diria, é a mãe do Segundo e do Minuto. Ela não pressiona nem induz ninguém ao erro. Afugenta a ansiedade e permite pensar com prudência, consciência e bom senso. Todavia, têm também ritmo tão frenético e intenso quanto os outros. Os sessenta minutos nela inseridos, quais bestas desajustadas, descontroladas e cruéis, desprezam e ignoram os indecisos e inseguros. Desconhecem o direito da duvida na decisão, seguindo céleres rumo ao seu obscuro destino. Àqueles que lograram seus objetivos dentro do seu tempo - Os louros da vitória. Aos derrotados - Somente lamentos.
Dessa prole, os outros irmãos são: O Décimo, Centésimo, Milésimo e Milionésimo de Segundo. São autênticas feras vorazes e carrascos desumanos. Não permitem deslizes, por micro que sejam. Fazem parte do mundo da excelência nos resultados, como exigem os cientistas, físicos, químicos, projetistas, engenheiros, técnicos, os quais buscam a perfeição nos múltiplos segmentos da Tecnologia da Informação, como exemplo: o automobilismo, aviação, navegação, medicina e mais uma infinita gama de atividades das Ciências Exatas. Tudo deve fluir com requinte: Sem erros, lapsos, desvios, ou enganos. Dessa precisão, estarão em jogo, principalmente a preservação de vidas humanas, vida animal, ou fantásticas conquistas científicas e tecnológicas!
Caro leitor, você que concluiu, ou ouviu a leitura dessa crônica, sinta-se um privilegiado, porque o próximo Segundo, Minuto ou Hora, pode não mais te pertencer.
– Eu Pessimista? Não! Pura realidade, porque Tempo e Vida são paralelos... Sinônimos, que tem como antônimo, a palavra FIM! Viva intensamente... Quem sabe faz a hora... Não espera acontecer!