MONTMARTRE - PARIS

Já conhecíamos o bairro de Montmartre de nossa primeira viagem a Paris, em abril de 2011, mas ainda não havíamos penetrado em suas ruas com a tranquilidade necessária para absorver sua essência e suas vibrações, nem víramos seus moradores em suas tardes, em seus sobrados, em suas enormes e árduas escadarias. Por essa razão, ir até lá constava de nossos planos e desejos, não poderíamos concluir nosso passeio a Cidade-Luz sem repaginar nossos vislumbres no local onde se acha uma das mais lindas catedrais, a Sacré Coeur. Então, amanhecemos esse dia trinta de dezembro de 2012 já nos preparando para pegar o metrô e passar o dia inteiro por lá.

Nosso endereço em Paris é 16, Rue du Commerce, no décimo quinto arrondissiment, portanto bastante distante do Montmartre, localizado no 18eme arrondissement, de forma que ir caminhando, principalmente sob a perspectiva de chuva, pois estamos em pleno inverno europeu, não seria o mais ideal. Uma estação de metrô fica a poucos metros do apartamento, a Mott Piquet Granelle, passando por lojas como Sephora, H & M, Mac Donald, etc, essas as mais conhecidas por brasileiros que veem a Paris, entre outras várias e o supermercado Monoprix.

A exemplo dos demais bairros, avenidas e ruas de Paris, Montemarte fervilhava, gente subindo as escadarias da igreja Sacré Coeur e sendo abordada por golpistas e espertalhões, centenas fotografando o ambiente e a o templo católico, grupos conversando em línguas diversas, vendedores apregoando seus produtos aos gritos para chamar a atenção dos passantes, casais de namorados abraçados se olhavam enamorados, se beijavam, sorriam, Montmarte vibrava nessa tarde enevoada. Não tencionávamos ir à igreja, havia enorme fila para entrar, a chuvinha fina começava, então preferimos enveredar por ruelas e becos ainda desconhecidos para nós. Ao avistar uma barraca onde dois homens assavam castanhas portuguesa resolvi enfrentar a pequena fila para também adquirir a guloseima e testar seu sabor. Foi a primeira vez que comemos castanha portuguesa assada na hora, estava quase queimando quando começamos a retirar-lhe a casca. Um tanto exótica, mas saborosa.

Saindo do metrô para a superfície da rua, uma jovem entregou-me o folhete que distribuía aos transeuntes e falou em francês frases rápidas e incompreensíveis para mim, e eu, alegremente e brincalhão, respondi em bom português: "Não sei o que é não, mas obrigado!" Completamente abobalhada, ela me olhou sem também entender patavina de minha resposta e permaneceu de boca aberta acompanhando-me enquanto eu me distanciava. Eu e minha esposa subimos os degraus sorrindo como duas crianças peraltas e desaparecemos no ruge-ruge da multidão.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 16/01/2013
Reeditado em 16/01/2013
Código do texto: T4087094
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