As coisas ou as possibilidades
As coisas são implícitas ou explícitas, alusivas ou às escâncaras. Mas com relação às suas essências elas são o que são em si. Criamos modelos como bases conceituais para que simplesmente entendamos as coisas. Talvez complicamos para entendermos o simples. Escrevemos milhares de livros sobre o Amor, milhares de poemas alusivos ao mesmo, porém ainda não o entendemos, pois, em verdade, não nos imbuímos dele, não deslindamos a sua essência, ou melhor, não o tornamos imanência em nosso espírito, parte integrante desse. Temos tão somente uma ideia fugaz do Amor, como temos uma ideia fugaz de muitas coisas.
O andarinho caminhava, passo ligeiro. Mal olhava para os lados, e quando olhava era de través, apenas relanceando o olhar, pois dizia que tudo era premente na vida e a premência estava sempre à frente. Desdenhava o que estava ao lado.
De supetão, inesperadamente, um bafejo lhe beijou a face esquerda do rosto. Ele estacou, estupefato. Havia algo digno da sua atenção margeando o caminho? Algo lhe requestava a atenção? Ele que só olhava para frente, foi instado a olhar para o lado.
Foi só então que ele vislumbrou outras possibilidades...