NA DÚVIDA

Sentado em frente ao computador procuro inspiração para escrever um novo texto. De repente começo a me perguntar se sou realmente um escritor ou se isso foi coisa que eu coloquei na cabeça em uma bela tarde adornada de devaneios.

Outra pergunta surge de imediato: e se foi obra de amigos que leram alguns textos meus e se puseram a me dar corda? Colocando-me no lugar de alguns amigos, que conheço bem, eu passo a imaginar o que muitos fiquem a pensar, principalmente àqueles que me conheceram na infância.

Rapaz, quem diria que aquele menino magro, dentuço e sem graça iria se tornar um escritor. Pareço ouvir o comentário seguinte: é, na brincadeira, já publicou nove livros. Nem dá tempo de analisar o diálogo e lá vem um terceiro dizer que a maior parte dos meus livros concentra-se na minha área de formação, ou seja, na Biologia. Naquele momento tenho a impressão de ouvir, quase como um sussurro, que o resto é cordel, mas uma voz interrompe e lembra que tem um livro que é de crônicas.

Paro, olho para minha planta preferida, uma ixória que vegeta na jardineira, que a tudo presencia, e fico como que lhe dirigindo aquela pergunta que insiste em se repetir. O vento sopra e a plantinha ora acena como se dissesse sim, ora acena como se dissesse não. Na dúvida, continuo a escrever. Por que não? Porque sim.