BOBA MODERNIDADE

Existem três coisas absurdas, que renego, mas sob as quais tenho que me ajoelhar, rezar, aceitar e ainda pedir benção.

A primeira é a tirania dos bancos, que me roubam legalmente. Sob a tutela da legalidade, usurpam-me com taxas de serviços, que não posso me negar a pagar, pois, tenho que lidar com eles. Tenho que, sob risco de alienação, conviver passivamente, mesmo com a ira que meu bom senso dita.

Segundo, o absurdo dos pedágios, sobre o que me sinto um idiota, débil, amordaçado, com camisa de força. Já pago todos os impostos e taxas para contar com a liberdade de ir e vir. Mas se não tenho dinheiro, não posso ir, não posso vir. E pior que tudo: para pagar, tenho que dispor do meu precioso tempo para enfrentar filas absurdas para atender aos interesses de quem legalmente me rouba.

E por fim, a modernidade... Essa maldita, pseudo, modernidade.

Tenho que conviver com tantas modernidades, que abusam da minha inteligência, do meu livre arbítrio, do meu senso de ridículo.

E tenho que me render, para não passar por ridículo, diante da ridicularidade de tantas idiotas modernidades, como por exemplo, ter que conviver e aceitar a pedância dos adolescentes, forjadas na moderna idiotice da compreensão do ridículo. Tenho sim que ser moderno, fazer-me de idiota, para não pagar o vexame de ser, politicamente, um velho retrógrado. Tenho que ser idiota para ser moderno.

Assistir a desfiguração dos novos homens, das novas mulheres, que deturpam a natureza em favor de uma modernidade idiota, ou simplesmente boba. Tenho que assistir ao desconforto da infelicidade, em troca da modernidade. É tenho que ser bobo para não sofrer, assistindo esse descalabro dos novos valores, dos novos hábitos.

Tenho que conviver com o dês-valor do bom senso, da avacalhação do caráter, da eutanásia do compromisso, do valor das palavras ditas.

Ter que aceitar, amordaçado, rendido, ao dês-valor do combinado, do acordado.

Sim, a modernidade me impõe bobagens e bobo tenho que ser, para ser moderno, para poder conviver com a sociedade moderna e todos os seus valores, que na minha lógica, são dês-valores, segundo os princípios da inteligência.

Evidente que sou um homem contemporâneo e não renego o moderno. Seria infringir a cronologia dos tempos, das épocas e da evolução. Mas não posso aceitar o moderno travestido de involução da inteligência do comportamento humano, do bom senso nas relações e é isso que venho assistindo nesses novos tempos.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 13/01/2013
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