MIGALHAS DE TEMPO

Da casa para o trabalho, do trabalho para a faculdade e da faculdade de volta para a casa. Aliás, desses lugares, a casa parece ser a que menos tempo passamos ativos. A maior parte desse tempo nela, é para dormir. Ela chega, eu to saindo, ela sai e eu to chegando. Quando retorno ela já está dormindo e quando acordo, lá está ela ajudando um dos filhos a fazer a lição da escola. Preparo o café dela, às pressas, e lá vou eu de novo enfrentar o trânsito congestionado, rumo à creche onde, rotineiramente, deixo o nosso outro filho. E aqui, ao volante, parado, faço umas contas rápidas e concluo que passo mais tempo em congestionamentos do que ao lado de minha esposa e das nossas crianças. Ah, como o pequenininho cresceu! Que coisa... Parece que foi ontem que nasceu. Queria eu ter mais tempo para eles, para nós. O que me impressiona é que o carro que compramos, tinha a finalidade de nos dar agilidade e assim, sobrar mais tempo pra gente. Da mesma forma o computador. O que fazíamos antes em três dias, fazemos agora, em uma hora. Olha quanto tempo economizado. A máquina de lavar, ao invés do tanque, o forno de micro-ondas, ao invés do fogão. O forno autolimpante, no lugar do antigo forno de lenha. Quantas coisas resolvemos, hoje, pelo telefone celular. Como é mesmo, que resolvíamos as coisas antes da telefonia móvel? Mas, em meio a tantas facilidades e economia de tempo, me cobro: Cadê o tempo que sobrou para a minha família? A única certeza que tenho, nesse instante, é que terei tempo para tudo quanto for prioridade para mim. Meu Deus, em que lugar da escala, estão a minha esposa e os meus filhos, que de mim, só recebem migalhas de tempo?