Borrões
As vezes chega um tempo em que precisamos caminhar um pouco na contra mão. Precisamos ir de contra a alguns de nossos sentimentos e vontades. Não ouvir tudo que o coração nos diz. Sermos um pouco mais racionais e pesarmos os amores que nos surgem em meio a caminhada. Pesarmos a nós mesmos e aos nossos sentimentos traiçoeiros. Nossas carências.
Vez ou outra temos que interromper os nossos passos antes que firamos alguém ou a nós mesmos. Antes mesmo de sermos feridos, interrompidos. Vezes em que precisamos nos desapegar do que queremos ter, de quem queremos. Vezes em que precisamos não ligar, não escrever, não procurar. Vezes em que precisamos nos soltar à força para evitarmos danos maiores. Vezes em que precisamos deixar livre para ver se volta, seja lá por qual motivo for. Mudar o rumo, a direção, o caminho. Enquanto ainda tá cedo. Enquanto ainda tá dando pra suportar e por um sorriso nos lábios. Enquanto tenho fôlego pra cantar que a vida, ainda, é bonita. Enquanto ainda o coração tá batendo no peito. Enquanto a minha incerteza do teu sim, é a única certeza que tenho.
As vezes é melhor acabar aquilo que mal teve um começo. Assim evitamos corações partidos e noites mal dormidas. Assim poupamos lágrimas, borrachas tentando apagar as feridas de uma história que não vingou. Assim evitamos os borrões. Assim evitamos amar.