Réquiem para um sonho
Quando a coragem recusou secamente o meu convite, vi-me a despencar sem chão sob os pés. Como eu te diria tudo o que está para me fazer estourar? Agarrei-me à primeira coisa que enxerguei na ladeira: um pedaço de papel minúsculo. Rabisquei rápido: "Não quero mais te amar; não amo. As pessoas não são boas, meu amor. São apenas pessoas; nada mais. Entenda. Adeus." Atirei-o ao vento, e entreguei-me ao abismo. Talvez um pouco mais leve; pelo menos sem tanta culpa. Cair de olho fechado é aterrador, mas espalha o frio da liberdade no estômago. Abri os braços e sorri. Nunca pude esquecer aquela foto: a cachoeira, a bela moça, os olhos que me sorriam amor poético. Meu desejo, minha vida. Tudo: como eu a queria! Nada: só resta a queda.