TALVEZ...

 
 
 
 
Minha busca é infinita. Busco por algo que me complete que me satisfaça plenamente, que não se perca pelo caminho das pedras ásperas que tenho pisado. É uma busca quase inútil e inconseqüente de minha alma.
 
O medo, a insatisfação e a introspecção exacerbada, por vezes, acompanham-me, um pouco além da conta. Contudo, a força que me move é gerada dentro de minhas entranhas, pelos voos alçados sem condições, pelos abraços em vão, pelos amores que tentei viver. Não é tristeza, não é melancolia, mas um sentimento aviltante que me toma, nada duradouro, porém, dói.
 
Sinto extrema necessidade das paixões que não vivi, dos beijos que não dei, dos carinhos que não experimentei, dos filhos que não tive, das paixões que não senti. Sinto falta de mim...
 
Às vezes eu me questiono se o buraco negro, do qual tenho que me desviar, constantemente em minhas caminhadas, não seria única e exclusivamente uma particularidade minha; é o ir e vir de nossos passos, de nossos desejos mal resolvidos, de nossos sonhos desmoronados. É inerente ao ser humano, com suas perguntas sem resposta.
 
Vejo, a cada dia, a luz que me pisca, incessantemente, no fim desse túnel imenso, que continua e continua a me chamar - mas não consigo atravessá-lo para alcançar esta luz.
 
Quem sabe isto seja apenas as conseqüências de minha completa ausência de vontade, de persistência e de coragem em atravessar barreiras e dar continuidade aos meus projetos, à conclusão de planos inacabados.
 
Talvez, eu não seja aquela imagem da mulher forte que imaginei que fosse. Talvez o abstrato me fascine muito mais do que o concreto. Talvez eu esteja frágil demais, cansada demais, velha demais! Talvez...
 
 
 

(Milla Pereira)